Estudo transversal de dois anos das informações sobre a esquizofrenia divulgadas no maior jornal diário Brasileiro / A two-year cross-sectional study on the information about schizophrenia divulgated by a prestigious daily newspaper

AUTOR(ES)
DATA DE PUBLICAÇÃO

2010

RESUMO

Objetivos: Descrever e analisar as informações sobre a esquizofrenia presentes em textos com temática relacionada à saúde e em textos sobre outros temas, publicados no jornal Folha de São Paulo (FSP), entre 1/1/2007 e 31/12/2008. Metodologia: Foi realizada uma busca eletrônica dos textos, utilizando-se os seguintes termos: esquizofrenia, esquizofrênico(a)(s), surto, psicose, psicótico(a)(s). Foi realizada a análise de conteúdo. As informações sobre a esquizofrenia presentes em textos relacionadas à área da saúde foram sintetizadas e comparadas com o conhecimento disseminado em revistas científicas. Foi determinado o uso popular dos termos em textos não relacionados á área da saúde. Adicionalmente, os textos foram avaliados em relação aos atributos de uma comunicação em saúde efetiva, examinou-se a presença de indicadores de uma cobertura jornalística inadequada e de mitos populares sobre a doença mental. Resultados: Foram identificados 687 textos, 219 deles preencheram os critérios de inclusão e exclusão: 75 textos relacionados à área da saúde e 144 em que os termos eram usados fora do contexto médico. As categorias temáticas com maior número de textos entre aqueles da área da saúde foram a distúrbio e violência e o tratamento. Entre os textos não relacionados à saúde, os termos foram identificados em resenhas de filmes cinematográficos, descrições populares do distúrbio (incluindo características que não corresponde à definição médica), expressões pejorativas, expressões humorísticas. O uso metafórico dos termos associou ao distúrbio as características de contradição, divisão/multiplicidade, falta de sentido e conflito, entre outras; 80% das metáforas tinham uma conotação negativa. Conclusão: A FSP divulgou informações sobre os fatores genéticos da esquizofrenia e sobre os benefícios da medicação psicotrópica o que pode contribuir para uma percepção mais favorável das intervenções psiquiátricas. Adicionalmente, descreveu histórias sobre portadores com vidas produtivas e inseridos na comunidade, entretanto, os relatos de crimes cometidos por supostos portadores superaram em número e em destaque os exemplos positivos, o que pode anular qualquer outra mensagem que poderia contribuir para o combate do estigma da esquizofrenia. Os resultados sugerem que a complexidade do distúrbio, os diversos fatores etiológicos, as diferenças individuais e as alternativas terapêuticas, não foram abordados. Os textos com uso popular dos termos associou a esquizofrenia à violência ou à criatividade, bem como divulgaram mitos e imagens estigmatizantes. O diálogo entre profissionais de comunicação, da saúde e associações de familiares e portadores pode melhor a qualidade da cobertura da imprensa sobre a doença mental.

ASSUNTO(S)

psiquiatria esquizofrenia comunicação em saúde jornalismo em saúde estigma saude coletiva psychiatry schizophrenia health communication health journalism stigma

Documentos Relacionados