Estudo sobre avaliação de eficácia terapêutica em oncologia : grupo psicoeducacional "Aprendendo a Enfrentar"
AUTOR(ES)
Juciléia Rezende Souza
DATA DE PUBLICAÇÃO
2009
RESUMO
O uso de intervenções psicossociais que, comprovadamente, geram benefícios aos pacientes oncológicos é um grande desafio para os psicólogos e demais profissionais que atuam em Oncologia. É necessário proporcionar aos pacientes condições para lidar o mais efetivamente possível com a doença e seus tratamentos. Diante do diagnóstico de câncer e dos seus tratamentos, os pacientes podem utilizar reações de enfrentamento que não favoreçam sua adaptação. Com o objetivo de promover habilidades de enfrentamento adaptativas ao diagnóstico de câncer e início do tratamento quimioterápico, foi desenvolvida uma intervenção psicoeducacional em grupo denominada Aprendendo a Enfrentar. O presente estudo propôs a elaboração e avaliação da eficácia terapêutica desta intervenção. Na fase 1, os pacientes foram avaliados para traçar a linha de base. Na fase 2, a intervenção foi desenvolvida e os pacientes reavaliados. Na fase 3, os pacientes foram reavaliados após três meses. Participaram do estudo quatro sujeitos iniciando tratamento quimioterápico no Serviço de Oncologia do HUB, independente do tipo de câncer. Foram todas mulheres, com idade média de 53 anos. Três delas compuseram o grupo de intervenção, enquanto uma se tornou sujeito controle. A intervenção foi realizada em seis encontros semanais, com duas horas de duração, utilizando o referencial teórico metodológico da análise do comportamento. Fizeram parte da intervenção estratégias de educação em saúde, promoção de autoconhecimento e autocontrole e treinos em estratégias de enfrentamento, relaxamento, habilidades de comunicação e resolução de problemas. Na linha de base os pacientes foram avaliados por meio de entrevista semi-estruturada e aplicação dos seguintes instrumentos: Escala de Modos de Enfrentamento (EMEP); Instrumento de avaliação da Qualidade de Vida da OMS (WHOQOL-bref); Psychological Screening Tool for Cancer Patients (PSCAN). Na fase 2, houve uma breve entrevista e os mesmos instrumentos foram utilizados. Para as participantes do grupo, foi aplicado ainda um questionário diretivo para avaliar a intervenção. Na fase 3, repetiu-se o uso das escalas e da entrevista breve. O uso de metodologia mista quantitativa e qualitativa contribuiu para a complementaridade entre os resultados, que revelaram: (a) na fase 1 todos os pacientes apresentavam prejuízos na qualidade de vida e elevado nível de distress, necessitando de intervenção. Porém, não havia necessidade de promover o uso de estratégias de enfrentamento segundo a EMEP; (b) na fase 2, imediatamente após a intervenção, os participantes do grupo mostraram significativo aumento no uso de estratégias focalizadas no problema (p<0,01 e p<0,05) e busca de suporte social (p<0,05), assim como redução nos níveis de ansiedade e depressão e melhoria significativa na qualidade de vida geral (p<0,01) havendo benefícios significativos (p<0,01 e p<0,05) nos domínios psicológico e meio ambiente. O mesmo não ocorreu nos escores do sujeito controle; (c) na fase 3 estes resultados se mantiveram. O uso de estratégias de enfrentamento correlacionou-se (p<0,05) positivamente com QV geral, e negativamente com depressão. Os resultados indicaram que a intervenção Aprendendo a Enfrentar foi eficaz para melhorar o uso de estratégias de enfrentamento adaptativas, reduzir o nível de distress e melhorar a qualidade de vida dos participantes.
ASSUNTO(S)
coping enfrentamento qualidade de vida psychoeducational group psico-oncologia quality of life eficácia terapêutica distress distress psicoeducação psycho-oncology psicologia
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