Estudo sobre a progressão da aterosclerose carotídea, a mortalidade e a síndrome metabólica em pacientes com lúpus eritematoso sistêmico

AUTOR(ES)
FONTE

IBICT - Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia

DATA DE PUBLICAÇÃO

25/10/2010

RESUMO

Pacientes com lúpus eritematoso sistêmico (LES) apresentam frequência aumentada de doença cardiovascular (DCV) aterosclerótica e fatores de risco para doença arterial coronariana (DAC). Alterações subclínicas de aterosclerose em carótidas já foram descritas no LES, correlacionando-se aos fatores de risco para DAC e às características do lúpus. No entanto, existem poucos trabalhos que avaliaram a progressão dessas alterações e os seus determinantes em lúpicos. Trabalhos sobre mortalidade em pacientes com LES têm demonstrado melhora importante da expectativa de vida desses pacientes em países desenvolvidos, contudo houve aumento da frequência de óbitos secundários à DCV. Estudos identificaram frequência variável de síndrome metabólica (SMet), um reconhecido fator de risco para diabetes mellitus e eventos cardiovasculares na população geral, em indivíduos com lúpus. Objetivos: Em pacientes com LES: determinar a progressão de alterações ateroscleróticas em carótidas e identificar os fatores determinantes dessa progressão; determinar a frequência e as causas de óbito, além de seus fatores de risco; e determinar a frequência de SMet e os fatores associados à síndrome. Pacientes e Métodos: A espessura do complexo médio-intimal (EMI) e a presença de placas ateroscleróticas foram pesquisadas por ultrassonografia de carótidas. A progressão da aterosclerose foi pesquisada em 157 dos 181 pacientes que participaram do estudo prospectivo sobre aterosclerose no LES, sendo definida como aumento da EMI da artéria carótida comum >0,15mm ou aumento do escore de placas. Os fatores previsores da progressão foram analisados dentre os fatores de risco tradicionais para DAC e as características do LES. Os 181 pacientes incluídos no período entre maio/2005 e fevereiro/2006 foram acompanhados até a última consulta no Serviço, o óbito ou a visita final do estudo entre outubro/2008 e julho/2009. As causas de morte e os seus fatores de risco foram analisados. Além disso, no momento da primeira avaliação foi determinado a frequência da SMet e as associações com características do LES e fatores de risco tradicionais para DAC não incluídos na definição da síndrome. Resultados: A progressão da aterosclerose carotídea foi identificada em 43 (27,4%) pacientes em intervalo de 39 (37-42) meses. Foram fatores previsores independentes da progressão a duração do LES e a presença de proteinúria nefrótica no início do acompanhamento. A mortalidade foi analisada considerando-se 179 pacientes com dados disponíveis ao final do período de observação de 3,3 (3,1-3,5) anos. Ocorreram 13 óbitos: falência de órgãos relacionada ao LES e infecção (cinco pacientes cada), atividade do LES e evento aterosclerótico (um cada). Não foi possível determinar a causa da isquemia mesentérica de um paciente. Foram fatores de risco para morte o maior índice de dano do LES, o uso de ciclofosfamida endovenosa e o diagnóstico de síndrome do anticorpo antifosfolípede. No estudo transversal foram estudadas 162 pacientes, com média de idade (dp) de 38,8 (11,2) anos, das quais 32,1% tinham SMet. As variáveis independentemente associadas à síndrome foram: idade ao diagnóstico do LES, obesidade, colesterol LDL>100mg/dl, maior índice de dano do LES e proteinúria nefrótica. Conclusões: As alterações ateroscleróticas em carótidas progrediram em um significativo número de pacientes jovens com LES após um curto período de tempo. Foram fatores previsores da progressão características do próprio lúpus, independentemente dos fatores de risco tradicionais para DAC. Identificou-se alta frequência de óbito tardio associado ao próprio LES e à infecção. A DCV aterosclerótica não foi causa significativa de óbito nessa coorte, diferentemente dos dados registrados em países desenvolvidos. O diagnóstico de SMet foi frequente em pacientes com LES, sendo associado aos fatores de risco tradicionais para DAC não incluídos na definição da síndrome e às características do próprio LES

ASSUNTO(S)

lúpus eritematoso sistêmico/complicações decs doenças cardiovasculares/etiologia decs aterosclerose/etiologia decs doenças auto-imunes decs artérias carótidas decs dissertações acadêmicas decs tese da faculdade de medicina da ufmg fatores de risco decs

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