Estudo prospectivo e randomizado do significado da antibiótico-profilaxia na ressecção transuretral de próstata

AUTOR(ES)
FONTE

Sao Paulo Medical Journal

DATA DE PUBLICAÇÃO

2004-02

RESUMO

CONTEXTO: A profilaxia antibiótica nas ressecções transuretrais da próstata é uma prática regular e freqüente na clínica urológica. No entanto, seu efeito profilático e bactericida protetor pode ser contestado se procedimentos assépticos são utilizados na realização da cirurgia, sobretudo em pacientes com urina estéril. No caso de infecção urinária, a identificação dos germes para escolha do antibiótico adequado pode ser necessária. OBJETIVO: Verificar a eficácia da antibioticoprofilaxia em pacientes com urina estéril submetidos a ressecção transuretral de próstata. TIPO DE ESTUDO: Prospectivo num centro de referência de tratamento urológico, aberto. LOCAL: Hospital de referência terciária. PARTICIPANTES: 124 pacientes. VARIÁVEIS ESTUDADAS: 124 pacientes consecutivos foram randomicamente divididos em dois grupos para receber ou não antibioticoterapia profilática na ressecção transuretral de próstata. Cultura do meato uretral, urina, líquido irrigante e anti-séptico, além dos fragmentos de próstata ressecados foram analisados quanto a sensibilidade a antibióticos, escolhidos a critério do cirurgião, e determinada a partir de antibiograma com as cepas bacterianas identificadas nos sítios mencionados. RESULTADOS: Não se encontrou diferença estatisticamente significante na evolução clínica de ambos os grupos. Aqueles que receberam antibioticoprofilaxia apresentaram menor freqüência de cultura urinária positiva do que aqueles que não receberam profilaxia. No entanto, na observação da evolução clínica de ambos os grupos, o uso de antibiótico não mostrou qualquer benefício no que concerne à ocorrência de febre, positividade das culturas obtidas dos fragmentos de próstata ressecados ou episódios de bacteremia. 68 casos (57,1%) apresentaram cultura positiva do tecido prostático. Entretanto, não houve correlação entre a bactéria identificada a partir do tecido prostático e de outros locais, tais como meato, urina, líquido irrigante ou anti-séptico utilizado. Somente em seis casos foi encontrada a mesma bactéria no tecido prostático e na urina pós-operatória. Apenas em 15 casos (25%) do grupo antibiótico observou-se a sensibilidade esperada da bactéria identificada ao antibiótico utilizado. CONCLUSÃO: A profilaxia antibiótica em pacientes com urina estéril submetidos a ressecção transuretral de próstata poderia ser reavaliada, pois, na grande maioria das vezes, o antibiótico selecionado com finalidade profilática não apresenta especificadade às bactérias identificadas nos diversos sítios pesquisados.

ASSUNTO(S)

prostatismo antibióticos próstata infecção prostatite

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