Estudo prospectivo da mucosa do coto gástrico em pacientes submetidos a gastrectomia subtotal distral para Carcinoma gástrico

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DATA DE PUBLICAÇÃO

2010

RESUMO

O carcinoma gástrico é uma das principais causas de morte por câncer noBrasil. A gastrectomia subtotal distal é uma opção no tratamento dos carcinomas distais. Contudo, existe risco potencial de desenvolvimento de alterações précancerosas e de carcinoma metacrônico no coto gástrico. O presente estudo objetivou avaliar, prospectivamente, por meio de endoscopia digestiva alta e exame histopatológico, a mucosa gástrica remanescente desses pacientes. Foram estudados 60 pacientes que haviam sido previamente submetidos à gastrectomia subtotal distal associada a reconstrução à Billroth I para o tratamento, com finalidade curativa, do carcinoma gástrico. Todos os pacientes haviam sido internados no Hospital das Clínicas da Universidade Federal de Minas Gerais e operados por membros do Instituto Alfa de Gastroenterologia. Foram avaliados dados pré e peroperatórios e anatomopatológicos. Durante o período pós-operatório os pacientes foram submetidos a avaliação endoscópica e histopatológica da mucosa do coto gástrico, de acordo com protocolos previamente estabelecidos. Os pacientes foram acompanhados por período que variou de 6 a 188 meses (média: 52,9+43,1 meses). A alteração endoscópica mais frequente foi a gastrite (n=51; 85,0%). Dentre outras alterações endoscópicas, diagnosticou-se atrofia epitelial em sete pacientes (11,7%) e pólipos em cinco pacientes (8,3%). A gastrite em atividade foi a alteração histológica mais frequente (n=55; 91,7%). Dentre outras alterações histológicas, diagnosticou-se gastrite crônica atrófica em 36 pacientes (60,0%), hiperplasia foveolar em 20 pacientes (33,3%), metaplasia em 15 pacientes (25,0%) e infecção por Helicobacter pylori em 14 pacientes (23,3%). Dentre os pacientes com gastrite crônica atrófica (n=36), ela foi considerada discreta em 15 (41,7%), moderada em 12 (33,3%) e acentuada em nove pacientes (25,0%). Dentre os pacientes com metaplasia (n=15), dez (66,7%) apresentavam metaplasia intestinal do tipo I e cinco pacientes (33,3%), metaplasia pseudoantral. Não se observou adenoma ou displasia epitelial gástrica em nenhum dos casos. Dos 60 pacientes estudados, quatro (6,7%) desenvolveram carcinoma diagnosticado no coto gástrico. Esses diagnósticos foram realizados no 10o, 36o, 58o e 62o meses pós-operatórios. Dois desses pacientes apresentavam história familiar positiva para carcinoma gástrico. Não se observou tumores multicêntricos sincrônicos ou invasão duodenal nas peças de gastrectomia subtotal distal desses quatro pacientes. O exame histopatológico da mucosa remanescente desses pacientes revelou gastrite em atividade (n=1), metaplasia intestinal do tipo I (n=2), infecção por Helicobacter pylori (n=2) e gastrite crônica atrófica (n=3). As recorrências tumorais foram assim classificadas: carcinoma do tipo intestinal (n=2), do tipo difuso (n=1) e não-classificável de Laurén (n=1). A baixa prevalência de gastrite crônica atrófica acentuada e a ausência de adenoma gástrico, de metaplasia intestinal incompleta do tipo III e de displasia epitelial gástrica sugerem que a mucosa remanescente apresenta baixo risco de desenvolvimento de carcinoma multicêntrico metacrônico. Contudo, com o passar do tempo pós-operatório, observou-se tendência ao aumento da prevalência de gastrite crônica atrófica e à piora, em alguns casos, da intensidade da atrofia epitelial gástrica. Apesar da remoção cirúrgica do seu locus vivendi preferencial, da exposição crônica da mucosa residual ao refluxo alcalino e da orientação para sua erradicação de rotina, observou-se persistência da infecção por Helicobacter pylori em número significativo de casos. Observa-se baixa prevalência de carcinoma de coto gástrico após gastrectomia para carcinoma gástrico. Contudo, frequentemente o carcinoma de coto gástrico é diagnosticado em fase avançada, o que impossibilita determinar a lesão que o originou.

ASSUNTO(S)

cirurgia. oftalmologia. carcinoma decs gastrectomia decs mucosa gástrica/patologia decs coto gástrico/patologia decs dissertações acadêmicas decs endoscopia decs diagnóstico decs mucosa gástrica decs tese da faculdade de medicina da ufmg

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