Estudo microbiológico e epidemiológico da ceratite infecciosa em crianças e adolescentes

AUTOR(ES)
FONTE

Arq. Bras. Oftalmol.

DATA DE PUBLICAÇÃO

2016-10

RESUMO

RESUMO Objetivos: Descrever o perfil epidemiológico e microbiológico de ceratite microbiana em crianças e adolescentes. Métodos: Estudo retrospectivo tipo coorte, utilizando fichas laboratoriais de pacientes, atendidos no Departamento de Oftalmologia e Ciências Visuais - Escola Paulista de Medicina - Universidade Federal de São Paulo, entre 15 de julho de 1975 a 31 de dezembro de 2010. Foram comparados pacientes com ceratite bacteriana e não bacteriana (não viral). Entre os pacientes com ceratite bacteriana, foram comparados aqueles em que a ceratite foi causada por bactérias Gram positivas e Gram negativas. O perfil de sensibilidade dos microrganismos bacterianos aos antimicrobianos também foi estudado. Resultados: Foram analisadas amostras corneanas de 859 pacientes com suspeita clínica de ceratite infecciosa, na faixa etária estudada. Destes, 346 (40,3%) apresentaram resultados de culturas positivas para microrganismos não virais. Adolescentes (13 a 18 anos) compuseram o grupo com maior número de pacientes com ceratite (164-47,4%). Os principais fatores de risco foram trauma (33,5%) e cirurgias oculares prévias (24,9%). Bactérias Gram positivas foram isoladas com maior frequência (71,8%), sendo prevalente o patógeno Staphylococcus coagulase negativo (23,8%). De acordo com a análise de regressão logística, idade (p=0,002), uso tópico de drogas antimicrobianas (p=0,01) e trauma por queimadura não química (p=0,005) foram fatores predisponentes para ceratite não bacteriana. Idade (p=0,01) também foi fator de risco para ceratite causada por bactérias Gram negativas. Conclusões: Nosso estudo mostrou que quanto maior a idade, na faixa etária estudada, maior a probabilidade da ceratite ser causada por bactérias Gram negativas e/ou por outros microrganismos não virais avaliados. O uso tópico de drogas antimicrobianas prévias e trauma devido à queimadura não química predispõe à ceratite não bacteriana. O conhecimento dos fatores de risco e dos microrganismos envolvidos resultarão em tratamento específico da ceratite em crianças e adolescentes, com menores danos visuais.

ASSUNTO(S)

ceratite/microbiologia ceratite/epidemiologia infecções oculares criança adolescente

Documentos Relacionados