Estudo longitudinal dos fatores relacionados à infecção e reinfecção pelo Schistosoma mansoni em área endêmica, Minas Gerais

AUTOR(ES)
FONTE

IBICT - Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia

DATA DE PUBLICAÇÃO

11/04/2012

RESUMO

Este estudo teve como objetivo avaliar a relação entre a infecção e a reinfecção pelo Schistosoma mansoni e os fatores demográficos, socioeconômicos, imunológicos e de contato com água, em 127 indivíduos residentes em Virgem das Graças, área rural endêmica do município de Ponto dos Volantes, Minas Gerais. Foram coletados dados socioeconômicos, demográficos e de contato com água além de fezes e sangue para análises parasitológicas e sorológicas de todos os indivíduos participantes do estudo no período entre 2001 e 2009. O soro foi utilizado para avaliação da reatividade dos anticorpos IgE e IgG4 específicos contra antígenos do ovo (SEA) e do verme adulto (SWAP). A prevalência da endemia no inicio do estudo (2001) foi 59% (IC 95%= 50,38- 67,72) e a média geométrica de ovos por grama de fezes (OPG) de 61,05 (IC95%= 58,70 63,40). Um ano após o tratamento de todos os indivíduos (2002), a prevalência e a carga parasitária reduziram significativamente para 16,5% (IC 95%= 9,98 23,08) e 40,6 opg (IC 95%= 37,80 43,42), respectivamente. Em 2005, a prevalência aumentou para 27,6% (IC 95%= 19,68 35,43), mas a carga parasitária manteve-se semelhante à de 2002 sendo de 39,81 opg (IC95%= 37,27 42,35). No último ano avaliado (2009) a prevalência permaneceu em 26,8% (IC 95%= 18,96 34,57), mas a carga parasitária reduziu significativamente para 8,78 opg (IC 95%= 6,45 11,11) quando comparada aos anos anteriores. A análise multivariada mostrou que a idade, o contato com água e as características imunológicas foram associadas à infecção pelo S. mansoni. Um maior risco de infecção foi observado nos indivíduos mais jovens (6-14 e 15-29 anos) e naqueles que realizavam atividades de pescar e atravessar o córrego. Foi evidenciado também que o aumento na reatividade de IgG4 anti-SEA e SWAP e da razão entre IgG4/IgE contra esses antígenos relacionaram-se ao risco de infecção pelo parasito, deixando os indivíduos mais susceptíveis. A análise da reatividade de IgE anti-SEA e SWAP mostrou um aumento ao longo do tempo tanto para os indivíduos infectados quanto para os não infectados e quando estratificados por idade, foi mais expressivo a partir de 2005. Em relação ao anticorpo IgG4, foram observadas reatividades significativamente mais elevadas deste anticorpo contra o antígeno SEA nos indivíduos infectados em todos os períodos investigados. A reatividade dos anticorpos IgG4 anti-SEA por idade mostrou uma redução progressiva e significativa ao longo do tempo, exceto para os indivíduos mais jovens (6-14 anos). Na reinfecção, houve um aumento progressivo e significativos da reatividade de IgE anti-SEA e SWAP ao longo do tempo tanto no grupo do indivíduos que reinfectaram quanto naqueles que não reinfectaram sendo a distribuição da reatividade similar entre os grupos. A análise da área da curva ROC mostrou que os anticorpos IgG4 anti-SEA tiveram um poder significativo de predizer a infecção pelo S. mansoni em todos os anos investigados. Os anticorpos IgG4 anti-SEA e razão entre IgG4/IgE anti-SEA apresentaram uma baixa capacidade de predizer a reinfecção, com a área da curva em torno de 66%. Conclui-se que o fator imunológico não é o único que explica o fato do indivíduo estar ou não infectado pelo S. mansoni e que somente a reatividade de anticorpos IgG4 anti-SEA podem ser utilizados como biomarcadores imunológicos de monitoramento para predizer a presença da infecção pelo S. mansoni em áreas endêmicas.

ASSUNTO(S)

enfermagem teses

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