Estudo fonético-acústico das vogais do português brasileiro: dados da produção e percepção de fala de um sujeito deficiente auditivo

AUTOR(ES)
DATA DE PUBLICAÇÃO

2003

RESUMO

As relações entre a percepção e produção de fala vêm sendo estudadas no campo da fonética acústica, visando a estruturação de modelos teóricos. O estudo dessas relações com sujeitos deficientes auditivos possibilita o aprimoramento desses modelos e a compreensão de questões relacionadas ao processo de desenvolvimento de habilidades de produção e percepção de fala desses sujeitos. Este estudo analisou a relação entre produçãoe percepção das sete vogais do português brasileiro por um sujeito deficiente auditivo portador de perda auditiva neurossensorial bilateral severa à direita e profunda à esquerda, usuário de aparelho de amplificação sonora individual. Um sujeito com audição normal serviu como referência. A análise acústica compreendeu medidas de freqüência em Hertz e transformações em Bark dos três primeiros formantes e da freqüência fundamental, além de medidas de duração das vogais em contexto de consoantes plosivas não vozeadas. A análise da percepção auditiva do sujeito deficiente auditivo envolveu tarefas de discriminação e identificação das vogais produzidas pelo sujeito ouvinte e pelo próprio sujeito deficiente auditivo. Os resultados da análise acústica mostraram semelhança na distribuição de valores de formantes das vogais produzidas pelos dois sujeitos mas maior dispersão para a produção do sujeito deficiente auditivo. Pôde-se observar certa sobreposição de espaços acústico-articulatórios das vogais adjacentes produzidas por esse sujeito, mais acentuada entre as vogais posteriores. Constatou-se, também, que a duração das vogais em sua fala variou em função do envolvimento da ação de um ou mais articuladores na coarticulação entre consoante e vogal. Os resultados da análise perceptivo-auditiva evidenciaram uma dificuldade maior quanto à identificação e discriminação entre vogais adjacentes, quando estiveram envolvidos o grau de abertura da mandíbula e arredondamento dos lábios. Os dados foram discutidos à luz do modeloquântico de Stevens (1989) e da teoria da dispersão de Lindblom (1990). As implicações clínicas, no que se refere ao uso de sistemas de amplificação sonora e ao processo terapêutica fonoaudiológicodo deficiente auditivo, foram consideradas em relaçãoàs possíveis contribuições da Fonética Acústica

ASSUNTO(S)

fonetica acustica surdos linguistica aplicada producao de fala analise fonetico-acustica percepcao da fala vogais

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