Estudo do padrão cromossômico em síndrome mielodisplásica primária hipocelular e sua correlação com aspectos celulares e clínicos / Chromosomal pattern study in Hypocellular Primary Myelodysplastic Syndrome and its correlation with cellular and clinics aspects

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DATA DE PUBLICAÇÃO

2009

RESUMO

A SMD primária hipocelular ocorre com uma frequência de 10-20% dos casos de SMD no adulto, no entanto, é o subtipo mais frequente na infância. O diagnóstico da SMD primária hipocelular é bastante difícil, pois devido à ausência de células na medula óssea esta pode ser confundida com a LMA hipocelular ou AA. O diagnóstico diferencial entre estas entidades hematológicas é de extrema importância devido a maior agressividade da LMA e a possibilidade de evolução da SMD para LMA. Além disso, SMD e AA são indicadas para o TCTH, entretanto, o regime de condicionamento pré-transplante é específico para cada doença. A combinação entre a análise morfológica, realizada através do mielograma e biópsia de medula óssea, e análise citogenética tem desempenhado um papel fundamental no reconhecimento da SMD primária hipocelular. Entretanto, estudos têm sido realizados para tentar melhorar o diagnóstico da doença levando em consideração as características biológicas da SMD como a presença de apoptose. Sendo assim, este estudo teve como objetivo caracterizar o padrão cromossômico da SMD primária hipocelular e correlacionar com aspectos celulares e clínicos. Foram analisados citogeneticamente 86 casos de SMD primária hipocelular, 74 AR, 10 com AREB e 2 com AREB-t. Dentre os pacientes com AR 50% apresentaram cariótipo anormal e todos os pacientes com AREB e AREB-t apresentaram cariótipo anormal. A alteração cromossômica mais frequente foi a del(17p), seguida de alterações envolvendo o cromossomo 7. Nossos resultados sugerem que o padrão cromossômico em SMD primária hipocelular é caracterizado principalmente por perdas parciais e completas de cromossomos (deleções e monossomias). A análise citogenética auxiliou no diagnóstico dos casos com suspeita de SMD primária hipocelular e foi uma importante ferramenta para a escolha do tratamento. O IPSS mostrou ser um bom sistema de escala prognostica para este grupo de pacientes. Alterações envolvendo o cromossomo 17 estiveram associados com o subtipo AR e características displásicas envolvendo o setor granulocítico, no entanto, a del(17p) também pôde ser observada no subtipo AREB. Para análise de apoptose foram utilizadas 42 amostras de pacientes com SMD, 23 com SMD hipocelular, 8 com SMD normocelular e 11 com SMD hipercelular. O índice de apoptose total nos casos de SMD primária hipocelular apresentou uma média de 9,5%, enquanto os pacientes com SMD primária normocelular e hipercelular apresentaram uma média de 12% e 14,1%, respectivamente. Pela análise de linhagens específicas as células já comprometidas com o programa de diferenciação celular parecem ser o principal alvo do programa de apoptose. Apesar dos pacientes com SMD primária hipocelular apresentarem índice de apoptose total mais elevado que os controles eles foram sempre inferiores aos apresentados pela SMD primária normocelular e hipercelular, com exceção dos eritroblastos que foram maiores nos casos de SMD primária hipocelular. O índice de apoptose total foi maior nos estágios iniciais da doença independentemente da celularidade da medula óssea. Os pacientes com del (11q) e del (17p) estiveram associados com a diminuição do índice de apoptose total. Nossos resultados sugerem que a hipocelularidade da medula óssea não é causada pelo processo de apoptose e sim provavelmente por algum defeito no programa de proliferação celular.

ASSUNTO(S)

dysplasia síndrome mielodisplásica primária hipocelular medula óssea-doenças alterações cromossômicas apoptose análise citogenética apoptosis hypocellular primary myelodysplastic syndrome chromosomal abnormalities displasia genetica humana e medica

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