Estudo do mecanismo de ação antinociceptivo e antiedematogênico do óleo essencial de Croton argyrophylloides e seus constituintes: alfa-pineno e trans-cariofileno / Study of the antinociceptive mechanism of action and antiedematogenic the essential oil of Croton argyrophylloides and its constituents: alpha-pinene and trans-caryophyllene

AUTOR(ES)
FONTE

IBICT - Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia

DATA DE PUBLICAÇÃO

15/02/2008

RESUMO

O Croton argyrophylloides, popularmente conhecido como “marmeleiro prateado”, é uma espécie nativa da caatinga do Nordeste. O óleo essencial de Croton argyrophylloides (OECa) possui comprovado efeito antinociceptivo e antiedematogênico (Canuto, 2005). O objetivo deste estudo foi elucidar o mecanismo de ação antinociceptivo e antiedematogênico do OECa e avaliar a participação de dois de seus constituintes (alfa-pineno e trans-cariofileno) em seu efeito antinociceptivo e antiedematogênico. Para isto investigamos o efeito do OECa, bem como do alfa-pineno e trans-cariofileno, aplicados por via oral, em modelos experimentais de dor e inflamação. A aplicação do alfa-pineno nas doses de 30, 100 e 300 mg/Kg reduziu significativamente a dor induzida pela injeção intraperitoneal de ácido acético. Na dose de 10 e 30 mg/Kg, o alfa-pineno reduziu significativamente a dor induzida pela injeção intraplantar de formalina somente na primeira fase do teste. O pré-tratamento com alfa-pineno ou transcariofileno na dose de 300 mg/Kg aumentou significativamente o tempo de latência de resposta ao estímulo térmico no teste da placa quente. Animais pré-tratados com OECa (600 mg/Kg), alfa pineno (300 mg/Kg) ou trans-cariofileno (100 e 300 mg/Kg) reverteu significativamente a dor induzida pela injeção intra-plantar de glutamato. OECa aplicado na dose de 300 mg/Kg, reverteu significativamente a dor induzida pela injeção intraplantar de formalina em ambas as fases do teste. O pré-tratamento com naloxona, prazosin ou L-arginina não influenciou o efeito do OECa na primeira fase do teste da formalina, mas este foi significativamente revertido pelo pré- tratamento com ioimbina. Na segunda fase do teste o efeito antinociceptivo do OECa foi significativamente revertido pelo pré-tratamento com naloxona, prazosin, ioimbina ou L-arginina. O efeito antinociceptivo do trans-cariofileno na dose de 300 mg/Kg, em ambas as fases do teste da formalina, foi demonstrado por Canuto, 2005. Nosso estudo mostra que o pré-tratamento com naloxona ou L-arginina reverteu significativamente o efeito antinociceptivo do trans-cariofileno na primeira fase do teste da formalina, mas o pré-tratamento com prazosin ou ioimbina não teve influencia sobre este efeito. O efeito antinociceptivo do trans-cariofileno na segunda fase foi significativamente revertido pelo pré-tratamento com naloxona, prazosin ou L-arginina, mas não foi influenciado pelo pré-tratamento com ioimbina. O OECa aplicado na dose de 100 mg/Kg apresentou significativa ação antiedematogênica nos modelos de edema de pata induzidos por 12 dextrana, carragenina, serotonina e histamina. O pré-tratamento com OECa apresentou muito pouca ou nenhuma influência, respectivamente, nos modelo de edema de pata induzido por bradicinina ou glutamato. O pré-tratamento com trans-cariofileno, na dose de 100 ou 300 mg/Kg reverteu significativamente o edema de pata induzido pela injeção de glutamato, dextrana ou carragenina. O pré-tratamento com alfa-pineno nas doses de 100 ou 300 mg/Kg reverteu, de maneira considerável o edema de pata induzido pela injeção de carragenina, serotonina ou glutamato. A aplicação do alfa-pineno resultou em uma discreta influência sobre o edema de pata induzido pela injeção de bradicinina ou histamina, e nenhum efeito sobre o edema induzido pela injeção intraplantar de dextrana. De acordo com os resultados obtidos neste estudo podemos concluir que: 1- o alfa-pineno apresenta efeito antinociceptivo periférico sobre a dor de origem inflamatória e uma provável atuação em sítios centrais, sendo que uma das vias usadas pelo alfapineno em sua ação antinociceptiva é a via glutamatérgica; 2- dependendo do tipo/origem da dor, o trans-cariofileno pode atuar através das vias glutamatérgica, opioidérgica, dos α1- adrenoceptores ou da via L-arginina/óxido nítrico para exercer seu efeito antinociceptivo; 3- dependendo do tipo/origem da dor, o OECa pode atuar através das vias glutamatérgica, opioidérgica, dos α1- ou α2-adrenoceptores ou da via L-arginina/óxido nítrico para exercer seu efeito antinociceptivo; 4- a atividade antiedematogênica do OECa nos modelos de edema de pata induzidos por dextrana e carragenina é resultado de sua ação modulatória sobre a síntese, liberação e/ou ação de serotonina e histamina, somada à sua provável ação sobre a liberação de bradicinina e interação com a via das prostaglandinas; 5- o efeito antiedematogênico do transcariofileno no modelo de edema de pata induzido por dextrana provavelmente deve-se à sua ação modulatória sobre a síntese, liberação e/ou ação de serotonina; 6- a atividade antiedematogênica do alfa-pineno nos modelos de edema de pata induzidos por dextrana e carragenina é resultado de sua ação modulatória sobre a síntese, liberação e/ou ação de serotonina, somada à sua provável ação sobre a liberação de histamina e bradicinina e uma possível interação com a via das prostaglandinas; 7- a atividade antiedematogênica do trans-cariofileno ou alfa-pineno no modelo de edema de pata induzido por glutamato provavelmente deve-se a interações com receptores ionótropicos não-NMDA e receptores NK2.

ASSUNTO(S)

antinociceptivo antiedematogênico marmeleiro prateado croton argyrophylloides fisiologia antinociceptive antiedematogenic quince silver croton argyrophylloides

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