Estudo do crescimento de tourinhos em pastejo recebendo suplementação concentrada com diferentes perfis protéicos / Study of the growth of young bulls in grazing areas receiving concentrated supplementation with different protein profiles

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DATA DE PUBLICAÇÃO

2009

RESUMO

Acompanhou-se o crescimento de tourinhos de corte a pasto, da fase de amamentação à terminação, recebendo diferentes estratégias de suplementação. Os objetivos foram avaliar as condições nutricionais dos animais em cada fase de vida ou época do ano, e avaliar e comparar o crescimento do corpo como um todo, de medidas biométricas (BM) e dos componentes corporais, bem como estimar as exigências nutricionais para ganho de peso. Foram utilizados 57 bezerros nelorados com idade e peso vivo iniciais de 144 d e 129 kg, respectivamente. Cinco animais foram abatidos no início do experimento e os demais divididos em quatro grupos, alojados em pastagens de Brachiaria decumbens Stapf e suplementados com concentrados com diferentes perfis protéicos ou sal mineral ad libtum (controle). Estes animais foram abatidos escalonadamente 120 d, 210 d, 315 d e 434 d após o início do experimento. Os animais designados para cada tratamento de suplementação concentrada, nomeados como T1, T2 e T3, permaneciam no mesmo tratamento até seu abate, assim como os animais designados ao grupo controle. Na fase de amamentação, durante o período de transição águas-seca, variou-se o nível de proteína nos suplementos concentrados. Nesta fase, os animais foram alojados nos pastos juntamente com suas mães e receberam o suplemento em um sistema de creep-feeding. Nas demais fases (recria no período seco, recria na transição seca-águas e terminação nas águas), manteve-se o nível de proteína em todos os suplementos concentrados (suplementos isoprotéicos) e variou-se o teor de nitrogênio não protéico (NNP) nesta proteína. Em cada fase, após 45 dias do início da fase, realizou-se uma avaliação nutricional dos animais, que incluiu a estimação de consumo e digestão de nutrientes e de características do metabolismo protéico. Para a estimação do consumo e digestibilidade, utilizaram-se os indicadores: LIPE, dióxido de titânio e fibra em detergente neutro indigestível. Realizou-se ainda coleta de amostras de urina e de sangue. O efeito de suplementação, e os efeitos linear e quadrático do nível de proteína no concentrado foram avaliados pela decomposição da soma de quadrados em contrastes ortogonais, adotando-se α = 0,10. Na fase de amamentação o consumo de concentrado pelos bezerros substituiu parte do pasto ingerido pelos bezerros, o que melhorou a digestibilidade da dieta, da mesma forma que o aumento do nível de proteína neste concentrado. Durante a recria, no período da seca e da transição seca águas, o consumo de concentrado reduziu a ingestão de pasto, e incrementou os aspectos nutricionais avaliados, incluindo os coeficientes de digestibilidade e o teor de NDT. Na transição seca-águas, altos níveis de NNP neste concentrado prejudicou o aproveitamento metabólico da proteína da dieta, o que aponta para a necessidade de se equilibrar os teores de NNP do suplemento e do pasto. No período seco, o consumo de concentrado melhorou ainda a produção e a eficiência de síntese de proteína microbiana. Na fase de terminação durante o período daságuas, além de reduzir o consumo de pasto, o consumo de concentrado reduziu também a eficiência de síntese de N microbiano. O nível de NNP no suplemento também reduziu a produção e eficiência de síntese de N microbiano. Os resultados mostraram que, nesta fase do ano, o tipo de proteína no suplemento deve ser avaliado considerando-se a velocidade de degradação da proteína disponível no pasto. Foram avaliados cinco modelos matemáticos para descrever o crescimento animal: Multifásico, Linear, Logarítmico, Gompertz e Logístico. O modelo multifásico mostrou-se mais eficiente que os demais em todos os aspectos da descrição do crescimento de bovinos de corte a pasto. O peso corporal sem jejum (PC) e as BM foram tomados a cada 28 dias. As BM incluíram abertura de íleos (HW), de ísquios (PW), comprimento de garupa (PGL), altura de garupa (RuH), largura de abdômen (AW), comprimento corporal (BL), altura de cernelha (HeW) e comprimento de costelas (RiD). Estimou-se a primeira e segunda variáveis canônicas para cada fase e para o período experimental como um todo, utilizando-se todas as BM. Ajustou-se um modelo de crescimento multifásico, considerando-se três fases de produção, para o PC e cada BM. Equações baseadas em um modelo logístico foram também ajustadas para as BM. Compararam-se os modelos de crescimento entre os tratamentos que recebiam concentrados e entre estes e o controle (efeito da suplementação). As principais BM a explicar as diferenças entre a forma do corpo dos animais variaram de acordo com a fase de vida dos animais. Na fase de amamentação, os tratamentos não foram capazes de afetar a forma do corpo dos animais. Nas demais fases, as alterações na forma dos animais são compatíveis com um menor tamanho adulto dos animais controle. A curva de crescimento dos animais controle foi afetada principalmente pela época de baixa produção forrageira do ano. Em cada abate, as meia carcaças foram resfriadas, pesadas, e a meia carcaça direita foi dissecada e seus componentes (músculos, gordura subcutânea, gordura intermuscular, ossos longos, ossos da costela, e ossos das vértebras) pesados. O dianteiro e o traseiro da meia carcaça esquerda foram pesados e desossados, procedendo-se à pesagem dos cortes comerciais: Paleta, Acém, Maçã de Peito, Chã de Dentro, Chã de Fora, Alcatra, Filé Mignon, Fraldinha, Lagarto, Picanha, Costela e Contra-Filé. O PCVZ e o ganho de PCVZ, bem como suas composições químicas foram estimados. Estimou-se a primeira e segunda variáveis canônicas utilizando-se os dados dos componentes da carcaça, e dos cortes comerciais. Ajustou-se também um modelo de crescimento multifásico, considerando-se três fases de produção, para a carcaça e cada componente; para o dianteiro, o traseiro e os cortes comerciais; e para os tecidos adiposos, o conteúdo corporal de proteína e de energia, e as relações entre PCVZ e PV, e entre o tecido adiposo da carcaça e o tecido adiposo total. Compararam-se os modelos de crescimento entre os tratamentos que recebiam concentrados e entre estes e o controle (efeito da suplementação). Estimaram-se as exigências nutricionais de proteína e energia para ganho. O efeito do período de baixa disponibilidade nutricional anual sobre a curva de crescimento dos tecidos da carcaça foi mais pronunciado nos animais que não receberam suplementação concentrada e não foi afetado pelo perfil protéico do programa de suplementação. O tecido da carcaça mais susceptível às variações nutricionais foi a gordura subcutânea, e o mais resistente os ossos das vértebras. Os cortes mais sensíveis às variações nutricionais durante o ano foram o Contra-Filé e a Picanha, e os mais resistentes, o Filé e as Costelas. O fornecimento de concentrado e a presença de uréia interferiram no crescimento dos cortes cárneos, especialmente durante a fase de restrição nutricional. Para a conversão do PV em PCVZ em animais a pasto deve-se utilizar dados obtidos em situação de pastagem e suplementação semelhantes. O tecido adiposo da carcaça é de mobilização prioritária. A curva de crescimento dos tecidos adiposos é influenciada pelo fornecimento de concentrado, mas não pelo perfil protéico deste. A participação da energia da proteína na energia retida total reduz-se e a proteína retida no ganho aumenta à medida que aumenta a concentração energética do ganho nas condições aqui avaliadas. Na véspera dos abates mediram-se as BM e o peso corporal em jejum (SBW). Coletaram-se ainda, no abate, os dados de gordura interna, volume e área corporais, peso e composição da seção da 9 e 11 costelas e espessura de gordura, que foram utilizados juntamente aos dados de gordura da carcaça e do corpo vazio para se estudar as relações entre BM e os componentes corporais. Equações de predição da área e do volume corporal, da gordura subcutânea, da carcaça e do corpo foram ajustadas. O primeiro sistema para predizer a gordura física e química da carcaça e do corpo vazio foi elaborado utilizando-se informações in vivo, e o segundo sistema usou o PC e o peso da gordura da seção da 9 à 11 costela. A combinação de BM, PC e características da carcaça foram precisas e acuradas em predizer a composição de gordura da carcaça e do corpo dos animais. O uso de BM pode melhorar a acurácia e a precisão das predições da composição corporal de animais a pasto.

ASSUNTO(S)

gado de corte proteína padrões de crescimento nutricao e alimentacao animal growth patterns protein beef cattle

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