Estudo de caso da comercialização dos produtos florestais não madereiros (PFNM) como subsídio para a restauração florestal / Case study of non timber forest products (NTFP) as subsidy for forest restoration

AUTOR(ES)
FONTE

IBICT - Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia

DATA DE PUBLICAÇÃO

23/03/2010

RESUMO

Floresta Atlântica é considerada como um dos mais ricos conjuntos de ecossistemas existentes no mundo, com composições florísticas e faunísticas extremamente diversificadas. Além dessa imensa diversidade, o mesmo tem sido responsável por prover recursos e serviços socioeconômicos e ambientais essenciais às populações residentes. No entanto, o processo de destruição e consequente fragmentação do bioma atingiram níveis alarmantes. Dos 1.315.460 km2, atualmente, restam apenas 102.012 km2 (7,91% da área original), levando este a ser considerado como um dos vinte e cinco hotspots mundiais. Dentre as diversas ações capazes de mudar o quadro atual de destruição do bioma Floresta Atlântica, promovendo a sua conservação e o seu uso sustentável, a recuperação de áreas degradadas se apresenta como uma atividade de fundamental importância. Apesar das legislações federal e estadual estabelecerem como obrigação a recuperação de áreas degradadas decorrentes de atividades antrópicas, tal procedimento não vem sendo cumprido pelos proprietários rurais por apresentar altos custos, além de não proporcionar retornos econômicos capazes de manter as funções sociais, econômicas e ambientais das propriedades rurais. Portanto, o objetivo deste trabalho foi o de analisar o funcionamento do mercado de produtos florestais não-madeireiros dentro do Mercado Central de Belo Horizonte, MG, de modo a gerar informações que possibilitem a proposição de modelos de recuperação de áreas degradadas com espécies de ocorrência natural no Bioma Floresta Atlântica que apresentem efetiva participação de mercado. Para alcançar o objetivo proposto, realizou-se uma pesquisa de natureza qualitativa por meio da utilização do método múltiplo para a coleta de dados em campo, visando prover uma compreensão profunda a respeito do mercado existente no referido local. Dentre os métodos utilizados para a geração de dados de campo, cinco foram os empregados: Entrevistas estruturadas com tópicos-guia; Registros com notas de transcrição; Observação de campo; Diário de pesquisa e Coleta de documentos. Quanto à análise dos dados, a estratégia de codificação utilizada foi a de cores, como ferramentas, os programas Word e Excel for Windows. Dos 17 estabelecimentos pesquisados, nove pertencem à categoria de produtos medicinais, quatro de produtos artesanais e quatro de alimentícios. Dentre os cinco produtos de maior comercialização citados nos 17 estabelecimentos, foram identificadas 59 mercadorias. Destas, 53 (91,5%) são nacionais, caracterizando este mercado como predominantemente nacional. Quarenta e cinco artigos (76,3%) são PFNM e apenas 13 (22%) não são consideradas como tais. Um produto (1,7%) não teve sua origem identificada. Dentre os 45 PFNM, 36 (80%) são provenientes de espécies vegetais nativas e nove (20%), de espécies exóticas. Quando somente os produtos originários de espécies nativas do bioma Floresta Atlântica são considerados, estes somam apenas 20, ou seja, 44,4% do total dos PFNM constatados. Os agentes intermediários (pessoas físicas e jurídicas) se fazem presentes, sendo remunerados a prazo, ao contrário de raizeiros, artesãos e/ou produtores rurais, os quais recebem a vista pelas mercadorias comercializadas. Apesar do empirismo demonstrado pelos comerciantes entrevistados, todas as margens brutas de lucro calculadas implicam que a comercialização dos PFNM é extremamente rentável. A maioria dos consumidores entrevistados possui mais de trinta e um anos, pertence ao gênero feminino, não concluiu o nível médio de ensino e reside em Belo Horizonte. Dezoito dos trinta entrevistados possuem rendas de até R$ 1.000,00 mensais. Quase todos os participantes nunca ouviram falar no termo PFNM. Entretanto, os mesmos consomem regularmente inúmeros produtos dessa natureza. Há um equilíbrio entre os que preferem produtos nacionais e importados. Poucos se preocupam com a forma de extração dos PFNM em seus ambientes naturais e a maioria não estaria disposta a despender uma quantia monetária a mais para produtos extraídos sob forma de manejo sustentável.

ASSUNTO(S)

recuperação de Áreas degradadas mercado florestal floresta atlântica manejo florestal degraded areas recovery forest market atlantic forest

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