Estudo da Síndrome Cardiopulmonar por Hantavírus: epidemiologia e fatores prognósticos para óbito dos casos notificados no Brasil. / Hantavirus cardiopulmonary syndrome study: epidemiology and prognostic factors confirmed for death in Brazil.

AUTOR(ES)
DATA DE PUBLICAÇÃO

2008

RESUMO

A Síndrome Cardiopulmonar por Hantavírus (SCPH) é uma doença zoonótica emergente cuja importância para a saúde pública está associada ao pouco conhecimento sobre a sua história natural e à alta taxa de letalidade. Objetivos: Descrever as características epidemiológicas, clínicas e identificar os fatores associados à ocorrência de óbitos por SCPH. Métodos: A população do estudo foi constituída pela totalidade dos casos confirmados de SCPH no Brasil, notificados no Sistema de Informação de Agravos de Notificação (SINAN) do Ministério da saúde no período de 1993 a 2006. As variáveis estudadas foram referentes à pessoa, tempo, lugar, antecedentes epidemiológicos, clínica, achados laboratoriais e radiológicos e procedimentos terapêuticos. O trabalho foi desenvolvido em duas etapas. A primeira foi referente a um estudo de série de casos, do tipo descritivo, exploratório, com base em dados secundários utilizando-se nas análises média, mediana, proporção, letalidade e densidade de casos. Para estas análises foram utilizados os programas TABWIN, Microsoft Office Excel, Epi Info versão 3.2.2 e MapInfo versão 7.8. A segunda etapa foi de um estudo analítico, tipo coorte retrospectiva, para identificar os fatores prognósticos para óbito por SCPH. Para análise de associação entre a variável dependente (óbito) e as independentes foi utilizada como medida de associação o Risco Relativo, considerando o intervalo de confiança de 95%. As variáveis independentes associadas à ocorrência de óbito, identificadas na análise univariada, foram analisadas no modelo de análise de regressão múltipla com uso do programa SPSS 13.0, tendo como medida de associação a Odds Ratios (OR) com intervalo de confiança a 95%. Resultados: Foram reportados 855 casos de SCPH no período analisado. A doença foi registrada em todas as regiões do país e em 14 unidades federadas, com maior número de casos ocorrendo no final do inverno e na primavera. Atingiu, predominantemente, adultos jovens, do sexo masculino, residentes em área rural e mostrou-se relacionada às atividades agrícolas e ao ambiente ocupacional. A letalidade foi de 39,3% e cerca de 95% dos pacientes foram hospitalizados. A mediana de tempo transcorrido entre início de sintomas e internação foi de 4 dias e entre hospitalização e óbito, 1 dia. Os fatores associados com óbito na análise univariada foram: dispnéia, dor torácica, tosse, síndrome de angústia respiratória do adulto (SARA), manifestações hemorrágicas, insuficiência renal, hemoconcentração, leucocitose com desvio à esquerda, aumento no nível sérico de uréia e creatinina e presença de infiltrado intersticial pulmonar. A associação de maior significância foi no grupo das variáveis de tratamento - necessidade de assistência respiratória mecânica. Na análise multivariada SARA e a variável necessidade de assistência respiratória mecânica permaneceram como fatores associados a óbito. Um segundo modelo de análise múltipla foi utilizado - sem essas duas variáveis típicas de evolução tardia - com o objetivo de identificar fatores precoces como indicadores de que o paciente poderia evoluir para óbito mostrou a dispnéia e a hemoconcentração como fatores associados à mortalidade. Conclusão: Esses achados poderão colaborar para aumentar a sensibilidade do sistema de vigilância epidemiológica da SCPH no Brasil e contribuir para o diagnóstico precoce e o manejo clínico mais adequado dos pacientes de SCPH, com a conseqüente redução da letalidade.

ASSUNTO(S)

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