Estudo da neurotransmissão periférica na musculatura lisa do ducto deferente de ratos periadolescentes tratados agudamente com uma dose simples e combinada de anfetamina e etanol

AUTOR(ES)
FONTE

IBICT - Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia

DATA DE PUBLICAÇÃO

30/03/2011

RESUMO

Justificativa: Devido aos poucos estudos que enfatizam o tratamento agudo in vivo com anfetamina e etanol e sua conseqüência na transmissão noradrenérgica da musculatura lisa de animais jovens, decidimos estudar os efeitos do tratamento simultâneo destes dois fármacos, estudando-os também isoladamente e em diferentes dosagens, tendo como modelo o ducto deferente (DD) de ratos periadolescentes, faixa etária que é pouco considerada nos estudos farmacológicos e que apresenta na maioria das vezes respostas diferentes daquelas esperadas para animais adultos e que podem determinar o desenvolvimento do animal. Materiais e métodos: Os animais periadolescentes foram divididos em seis grupos experimentais. A anfetamina (AMPH) foi administrada nas dosagens de 3 mg/Kg e 7 mg/Kg, enquanto o etanol (EtOH) foi administrado nas dosagens de 4 mL/Kg e 8 mL/Kg. A anfetamina e o etanol foram administrados tanto isoladamente quanto simultaneamente (AMPH 3 mg/Kg + EtOH 4 mL/Kg e AMPH 7 mg/Kg + EtOH 8 mL/Kg) para verificar possíveis interações. Para os experimentos funcionais, o DD foi montado sob tensão de 1 grama num banho de órgão isolado. As mudanças de tensão foram registradas em fisiógrafo. Curvas concentração-efeito cumulativas foram realizadas para agonistas adrenérgicos (noradrenalina, dopamina, fenilefrina) e bário e os parâmetros farmacológicos Emax, pD2 e ρ medidos e analisados. Curvas tempo-resposta também foram realizadas para a tiramina, para checar a liberação de noradrenalina endógena. Para avaliar a contração neurogênica ao estímulo Elétrico Transmural (EET) o DD foi montado em banho de órgão isolado entre dois eletrodos. Estímulos de 60 V, 1 ms de duração com freqüências de 0,1 a 20 Hz foram empregados. Para avaliar a participação do íon cálcio, o DD foi despolarizado por 5 minutos com 80mM de KCl na ausência de Ca+2 e na presença de EGTA (10μM) seguido pela adição de uma dose única de CaCl2 (10mM por 10 minutos). Para a dosagem de noradrenalina utilizou-se o detector eletroquímico para a detecção das catecolaminas e o HPLC, Shimadzu, coluna Chromolith RP-18e (Merck) para a separação das mesmas. As concentrações de corticosterona plasmáticas foram quantificadas por radioimunoensaio específico para ratos. Resultados: O grupo tratado com AMPH 3 mg/Kg apresentou uma potencialização da resposta contrátil do DD à noradrenalina, ao bário e ao cálcio, sem alterar a contração neurogênica. Observou-se, ainda, que o conteúdo de catecolaminas foi reduzido. Com o aumento da dosagem do tratamento (AMPH 7 mg/Kg) observou-se apenas uma redução da contração fásica ao EET e do conteúdo de noradrenalina determinado pelo HPLC. O grupo tratado com EtOH 4 mL/Kg apresentou uma diminuição da contratilidade do DD à noradrenalina, fenilefrina e bário, e ao EET, assim como um menor conteúdo de catecolaminas. A resposta ao cálcio não foi alterada. Com o aumento da dosagem (EtOH 8 mL/Kg) a resposta do DD a agonistas adrenérgicos, bário e ao EET não foi alterada. Em contrapartida, tal tratamento deprimiu a resposta tônica das curvas tempo-efeito para o cálcio mostrou uma tendência de aumento do conteúdo neuronal de noradrenalina. O grupo tratado com AMPH 3 mg/Kg + EtOH 4 mL/Kg não apresentou quaisquer alterações nos protocolos experimentais utilizados. Estes dados sugerem que a anfetamina e o etanol poderiam estar atuando de forma antagônica. Utilizando dosagens maiores para este tratamento simultâneo (AMPH 7 mg/Kg + EtOH 8 mL/Kg) observamos nenhuma alteração significativa nos protocolos experimentais testados. No entanto, este tratamento anulou os efeitos individuais do pré-tratamento com cada fármaco no EET e nas curvas tempo-efeito para o cálcio. Os tratamentos com anfetamina (7 mg/Kg) ou etanol (4 mL/Kg e/ou 8 mL/Kg), assim como os tratamentos simultâneos mostraram uma tendência de aumento da concentração plasmática de corticosterona. Conclusões: Desta forma, observamos um efeito antagônico entre a anfetamina e o etanol quando administrados simultaneamente, possivelmente por agir em sítios intracelulares próprios ou competir por estes, quanto aos efeitos na neurotransmissão simpática de animais periadolescentes.

ASSUNTO(S)

etanol anfetamina ratos periadolescentes músculo liso ducto deferente de rato reatividade farmacológica antagonismo neurotransmissão simpática periférica farmacologia

Documentos Relacionados