Estudo da composição de laranjas brasileiras (Citrus sinensis) e seu uso como comprovação de autenticidade de suco de laranja

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DATA DE PUBLICAÇÃO

1997

RESUMO

Amostras autênticas de suco de laranja (Citrus sinensis) das variedades Pera, Natal, Harnlin, Valência, Baía e Lima, amostras autênticas de suco de laranja concentrado (SLC) e água de lavagem da polpa ("pulp wash") e amostras comerciais de suco de laranja fresco (SLF) e congelado foram analisadas quanto à presença dos seguintes compostos: flavanonas glicosídicas (FG), flavonas polimetoxiladas (FPM) e carotenóides e isótopos estáveis de carbono 13, oxigênio 18 e deutério. As flavanonas glicosídicas narirutina e hesperidina foram analisadas por cromatografia líquida de alta eficiência (CLAE) com detector de UV a 280 nrn. Os níveis de narirutina e hesperidina obtidos em amostras autênticas variaram entre 16 e 142 mgIL e 104 e 537 mgIL, respectivamente. A razão hesperidina/narirutina apresentou diferenças de acordo com a variedade. A variedade Pera apresentou a maior razão (média de 8,3) e a variedade Baía a menor (3,6): Suco de laranja concentrado (após diluição para 12 °Brix) apresentou maiores quantidades de FG com teores de narirutina variando entre 62 e 98 mg/L e de hesperidina, entre 531 e 690 mg/L. Em suco de laranja concentrado, preparado a partir de água de lavagem da polpa, o nível de narirutina variou entre 155 e 239 mg/L e o de hesperidina entre 1089 e 1200 mg/L. A análise de amostras de suco de laranja fresco, obtidas junto a supermercados indicou que o conteúdo de FG da maioria delas (13 a 95 mgIL e 106 a 587 mg/L respectivamente, para narirutina e hesperidina) era similar àqueles encontrados para amostras autênticas. Seis flavonas polimetoxiladas foram determinadas em termos de quantidade relativa e a sinensetina quantificada em amostras de suco de laranja. As FPM foram extraídas com tolueno e analisadas utilizando CLAE com coluna de fase reversa e detecção a 340 nrn. A identificação dos picos foi baseada no espectro de UV-visível e na ordem de eluição descrita pela literatura. Sucos de laranja autênticos continham de 0,06 a 0,12 mg/L de sinensetina com teores mais elevados encontrados nas variedades Pera e Natal. Amostras autênticas obtidas junto a indústrias de suco (SLC e água de lavagem da polpa), e amostras de suco de laranja concentrado e de suco de laranja fresco adquiridas no comércio continham, tipicamente, no mínimo 10 vezes mais sinensetina que aquelas obtidas por extração manual do suco. A razão das áreas dos picos das FPM das diferentes variedades foi examinada utilizando análise canônica discriminante. Este procedimento dístinguiu as variedades Pera e Harnlin das variedades Natal e Valência, quando obtida por extração manual. Da mesma. forma, os sucos obtidos por extração manual foram facilmente distinguidos daqueles de origem industrial, ou seja, suco de laranja concentrado, água de lavagem da polpa e de suco de laranja fresco. Os seguintes carotenóides foram determinados em amostras de suco de laranja: luteína, zeaxantina, J3-criptoxantina, a,-caroteno e J3-caroteno. Os carotenóides foram extraídos com acetato de etila e analisados por CLAE utilizando detector na região do visível a 450 nm. A concentração total de carotenóides em amostras autênticas variou entre 0,11 e 1,21 mg/L, enquanto que J3-caroteno, a mais importante fonte de vitamina A, foi detectado em ordem decrescente de concentração nas variedades Pera, Valência, Hamlin, Natal, Lima e Baía. Os carotenóides totais presentes em amostras de suco de laranja concentrado obtidas das fábricas variaram entre 0,26 e 0,48 mg/L, enquanto que as amostras adquiridas no comércio continham quantidades ligeiramente superiores (0,46 - 0,81 mg/L). Suco concentrado de laranja de água de lavagem da polpa apresentou concentrações muito menores variando entre 0,04 e 0,08 mg/L dos carotenóides totais. Amostras de suco de laranja fresco obtidas no comércio continham carotenóides variando entre 0,04 e 0,55 mg/L, com apenas uma amostra apresentando teores fora da faixa encontrada para as amostras autênticas. Análise isotópica foi a técnica utilizada para caracterizar amostras autênticas de suco de laranja. Fracionamento isotópico natural de, posição específica medido ~r ressonância magnética nuclear (FINPE-RMN) foi empregado para determinar as razões de deutério/hidrogênio, nas posições metil [(D/H)r] e metileno [(D/H)n], do etanol produzido pela fermentação do suco de laranja em condições controladas. Espectrometria de massas da razão dos isótopos estáveis (EMRIE) foi utilizada para determinar a quantidade de carbono 13 (13C/12C, em partes per mil; "%0") no mesmo etanol. EMRIE foi também utilizado para a quantificação de oxigênio 18 e80/160, %o) na água do suco da fruta. As razões médias determinadas para (D/H)y, (D/H)n, 13C;12C e 180/160 em amostras autênticas de suco de laranja foram respectivamente de: 102.3ppm (DP = 1,7); 126,5 ppm (DP = 1,8). -26.5 %o (DP = 0.9) e +2,27 %o (DP = 2.5). Estas técnicas isotópicas (FINPE-RMN e RIEEM de carbono-13) podem ser consideradas importantes ferramentas para determinar simultaneamente a adição não declarada de açúcar de cana e milho (RIEEM) e açúcar de beterraba (FINPE-RMN) em suco de laranja. Nenhuma das amostras do varejo foram adulteradas a níveis que pudessem ser detectados por qualquer dos métodos isotópicos empregados.

ASSUNTO(S)

suco de laranja autenticidade flavonoides carotenoides isotopos - analise

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