Estudo da atividade antinociceptiva de um novo fator extraído do veneno de Crotalus durissus collilineatus / Study of the antinociceptive activity of a new factor extracted from the venom of Crotalus durissus collilineatus

AUTOR(ES)
FONTE

IBICT - Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia

DATA DE PUBLICAÇÃO

18/02/2010

RESUMO

A propriedade antinociceptiva dos venenos de algumas subespécies de serpentes, principalmente o da espécie Crotalus durissus, tem sido demonstrada em diversos modelos experimentais. O atual trabalho teve como objetivo o isolamento e a caracterização farmacológica de uma substância com efeito analgésico periférico e central presente no veneno da subespécie Crotalus durissus collilineatus. E, como objetivos específicos, fracionar o veneno da Crotalus durissus collilineatus, purificando um fator que possui atividade analgésica, através de cromatografia líquida de alta eficiência (HPLC) em uma coluna preparativa de fase reversa C18; estudar, utilizando ensaios farmacológicos, as suas atividades analgésicas periférica, central, de origem neurogênica e inflamatória, comparando-as com a do analgésico clássico morfina e verificar o envolvimento do sistema opióide no efeito analgésico da nova substância através do uso da naloxona antagonista opióide clássico. Foram realizados os testes de contorções abdominais induzidas por ácido acético, da formalina, do aquecimento da cauda (tail-flick) e da placa quente. Em todos os testes realizados foram utilizados camundongos swiss (Mus musculus) (n=6) e a via de administração do fator Cdc e da morfina foi a intravenosa. No teste de contorções abdominais, o fator Cdc apresentou atividade analgésica periférica nas doses de 1 mg/Kg (19,75 0,32); 5 mg/Kg (9,90 2,10) e 10mg/Kg (4,20 0,85) em relação ao controle negativo (43,10 2,51). Quando comparado, mol a mol com a morfina, o fator Cdc foi, aproximadamente, 174% mais potente. No teste da formalina, fase 1, o fator Cdc, apresentou atividade antinociceptiva de origem neurogênica nas doses de 2,5 mg/Kg (95,75 8,20); 5 mg/Kg (68,33 3,45) e 10 mg/Kg (35,50 7,10) em relação ao controle negativo (152,90 11,22). Também foi observado que o fator Cdc foi 157% mais potente que a morfina, quando comparados mol a mol. Na fase 2 do teste da formalina, o fator Cdc inibiu, de forma significativa, o tempo de lambidas na pata injuriada nas doses de 1 mg/Kg (116,00 6,14); 5 mg/Kg (47,25 2,90) e 10 mg/Kg (20,67 6,20) em relação ao controle negativo (175,70 12,51), demonstrando atividade analgésica de origem inflamatória. Comparando mol a mol com a morfina, o fator Cdc foi, aproximadamente, 170% mais potente. No teste da placa quente, o fator Cdc apresentou atividade antinociceptiva central-cerebral nas doses de 2,5 mg/Kg (7,55 0,64); 5 mg/Kg (8,08 0,90) e 10 mg/Kg (9,60 0,78) em relação ao controle negativo (4,76 0,26). Também foi observado que o fator Cdc foi, aproximadamente, 108% mais potente que a morfina, quando comparados mol a mol. No teste do tail-flick, o fator Cdc, nas doses de 1 mg/Kg (67,28 1,72); 2,5 mg/Kg (66,50 2,26); 5 mg/Kg (66,26 1,49) e 10 mg/Kg (66,05 1,81), aumentou significantemente o tempo de reação reflexa de retirada da cauda em relação ao controle negativo (51,15 0,77), demonstrando uma ação analgésica central-medular. Quando comparado com a morfina, mol a mol, o fator Cdc foi, aproximadamente, 153% mais potente. Foi verificado também que a naloxona (5mg/kg-i.p.) foi capaz de bloquear o efeito antinociceptivo do fator em todos os testes realizados, indicando uma provável participação da via opióide no seu mecanismo de ação. A descoberta de um fator com ação analgésica periférica e central, extraída do veneno da serpente Crotalus durissus collilineatus, abre uma grande perspectiva para o desenvolvimento futuro de novas drogas mais potentes que os atuais opióides e com menos efeitos colaterais.

ASSUNTO(S)

sistema opióide atividade analgésica crotalus durissus collilineatus fisiologia crotalus durissus collilineatus analgesic activity opioid system

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