Estudo correlacional sobre o desempenho de crianças em tarefas de percepção da fala e em testes de resolução temporal auditiva

AUTOR(ES)
DATA DE PUBLICAÇÃO

2009

RESUMO

Objetivos: verificar a existência de relação entre habilidades de percepção da fala e de resolução temporal auditiva em crianças sem alterações de linguagem ou audição; e investigar se as variáveis idade e sexo influenciam essas habilidades. Métodos: o estudo, do tipo correlacional, foi realizado com 80 crianças, 40 do sexo masculino e 40 do sexo feminino, de sete a 10 anos de idade, de uma escola da rede pública estadual de Minas Gerais. A fim de selecionar para a amostra sujeitos sem evidências de alterações de linguagem ou audição, foram avaliados, em triagem inicial, aspectos da linguagem oral e escrita, fala e audição e, numa segunda etapa, foram realizados os seguintes procedimentos: pesquisa dos reflexos acústicos contralaterais, audiometria tonal limiar, logoaudiometria, teste de localização sonora, teste de seqüenciação de sons não-verbais, teste de seqüenciação de sons verbais, teste dicótico não-verbal, teste dicótico de dígitos e teste fala com ruído. Para obter os dados das variáveis do estudo, foram utilizadas duas tarefas de percepção de fala, de discriminação fonêmica e de aliteração, que avaliam as habilidades envolvidas nos mecanismos de mapeamento acústico-fonético dos sons da fala e de processamento fonológico, respectivamente. Além disso, para extrair as medidas referentes às habilidades de resolução temporal auditiva, foram aplicados dois testes que permitem conhecer o limiar de detecção de gap: Random Gap Detection Test (RGDT) e Gaps-In-Noise Test (GIN). Resultados: do total de 80 crianças submetidas à triagem inicial, 49 apresentaram resultados adequados e, excluindo-se 12 perdas, 37 sujeitos concluíram a avaliação da segunda etapa, em que somente cinco crianças mostraram resultados adequados de acordo com critérios descritos pela literatura. Os dados das 37 crianças (62% do sexo feminino e 38% do sexo masculino) referentes às variáveis obtidas na segunda etapa da avaliação, bem como nas tarefas de percepção de fala e nos testes GIN e RGDT, foram analisados por meio da correlação parcial, que permite controlar as co-variáveis, eliminando, por exemplo, efeitos de diferenças entre os desempenhos dos sujeitos nos testes do processamento auditivo. Não foi observada correlação entre as medidas dos desempenhos dos sujeitos nas tarefas de percepção da fala e nos testes de resolução temporal auditiva, assim como não houve diferenças significativas estatisticamente entre os desempenhos das crianças segundo a variável sexo. O fator idade mostrou-se importante para a habilidade avaliada na tarefa de discriminação fonêmica, em que crianças mais velhas apresentaram melhores desempenhos. Os sujeitos com resultados adequados no teste dicótico não-verbal apresentaram habilidades de percepção da fala superiores às daqueles com resultados alterados. Conclusões: os resultados não evidenciaram relação entre habilidades de percepção da fala e de resolução temporal auditiva, além de que as variáveis sexo e idade não influenciaram significativamente tais habilidades das crianças, exceto para a capacidade de análise acústico-fonética, que se mostrou mais desenvolvida nas crianças mais velhas. Os resultados mostraram ainda uma alta prevalência de alterações nos aspectos do processamento auditivo na população estudada.

ASSUNTO(S)

fonemas teses. lingüística teses. percepção auditiva teses. crianças teses. audição teses. percepção da fala teses.

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