Estudo comparativo entre as manifestações oftalmológicas, sorológicas e resposta terapêutica de pacientes com esclerite isolada e esclerite associada a doenças sistêmicas

AUTOR(ES)
FONTE

Arquivos Brasileiros de Oftalmologia

DATA DE PUBLICAÇÃO

2011-12

RESUMO

INTRODUÇÃO: Esclerite é uma doença grave, rara e progressiva, que envolve inflamação e edema dos tecidos episcleral superficial, profundo e escleral e está associada com doenças sistêmicas reumatológicas em muitos casos. OBJETIVOS: Realizar um estudo prospectivo comparativo entre as manifestações oftalmológicas, achados sorológicos e resposta terapêutica de pacientes com esclerite isolada e com esclerite associada a doenças sistêmicas reumatológicas. MÉTODOS: Trinta e dois pacientes com esclerite não infecciosa participaram do estudo, de março de 2006 a março de 2008. O tratamento realizado baseou-se no uso de colírios de corticoides associados aos anti-inflamatórios não-hormonais, seguidos de corticoides sistêmicos e imunossupressores, se necessário. O sucesso do tratamento foi considerado como seis meses sem crises de esclerite. RESULTADOS: Quatorze dos 32 pacientes apresentaram esclerite associada à doença sistêmica, dos quais nove com artrite reumatóide, dois com lúpus eritematoso sistêmico, um com doença de Crohn, um com doença de Behçet e um com gota. Não houve diferenças em relação ao envolvimento ocular e suas complicações, predominando a esclerite anterior nodular e o afinamento escleral, respectivamente. O grupo com esclerite associada a doenças sistêmicas apresentou 64,3% de positividade de autoanticorpos contra 27,8% no grupo com esclerite isolada, sendo tal diferença estatisticamente significante. No grupo com esclerite isolada, 16,7% fez uso de apenas anti-inflamatórios, 33,3% de corticoide sistêmico, 27,8% de corticoide com um imunossupressor, 5,5% dois imunossupressores, 16,7% corticoide com dois imunossupressores e 33,3% pulsoterapia com imunossupressor; sendo que houve sucesso do tratamento em 88,9%. No grupo com esclerite associada à doença sistêmica, 7,1% fez uso de anti-inflamatórios, 7,1% corticoide sistêmico, 50% corticoide com um imunossupressor, 7,1% dois imunossupressores e 22,2% pulsoterapia com imunossupressor; com 100% de sucesso no tratamento nesse grupo. CONCLUSÃO: Em ambos os grupos houve predomínio da esclerite nodular unilateral e o grupo com esclerite associada a doença sistêmica apresentou taxas maiores de todos os autoanticorpos testados. Não houve diferença entre os grupos em relação ao uso de imunossupressores e à resposta terapêutica, a qual foi totalmente satisfatória no grupo com esclerite associada à doença sistêmica e satisfatória no grupo com esclerite isolada.

ASSUNTO(S)

esclerite doenças reumáticas autoanticorpos inflamação imunossupressores

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