Estudo comparativo de comunidades de pequenos mamiferos em duas areas de mata atlantica situadas a diferentes altitudes no sudeste do Brasil

AUTOR(ES)
DATA DE PUBLICAÇÃO

1999

RESUMO

O conhecimento atual sobre diferenças na composição de espécies de pequenos mamíferos em diferentes áreas de Mata Atlântica ainda é limitado, assim como quais fatores poderiam estar influenciando nessas eventuais diferenças. Neste estudo analisei comunidades de Mata Atlântica localizadas em duas áreas de uma mesma reserva ecológica, uma delas a 100 m de altitude (Saibadela) e a outra a 900 m (Barra Grande). Comparei parâmetros básicos de cada comunidade (composição de espécies, abundância relativa, biomassa), os quais relacionei com características estruturais do hábitat e também com a oferta de recursos em cada área. Analisei também padrões de estratificação vertical das espécies e também interação de marsupiais e primatas com plantas epífitas da família Araceae. Realizei séries de captura mensais durante set/95 e ago/97 na Saibadela e bimestrais durante ago/96 e jun/97 na Barra Grande. Capturei 11 espécies na Saibadela (quatro marsupiais, seis Muridae e um Echimyidae) e 16 na Barra Grande (quatro, 11 e um, respectivamente). Embora Oryzomys intermedius (Rodentia, Muridae) tenha sido a espécie dominante em ambas as áreas, cada uma apresentou comunidades distintas, com diferenças significativas na abundância relativa das espécies mais comuns e nos índices de diversidade. Pode-se concluir, com os resultados apresentados neste estudo, que as áreas estudadas apresentam faunas de pequenos mamíferos abundantes, ricas em espécies e bastante representativas da Mata Atlântica. Detectei mudanças marcantes na composição das comunidade e abundância relativa das espécies nos diferentes estratos verticais. Capturei principal ou exclusivamente na copa as seguintes espécies: Micoureus demerarae e Gracilinanus microtarsus (Didelphimorphia, Didelphidae); Wilfredomys pictipes, Oecomys gr. ncolor e Rhipidomys afI. macrurus (Rodentia, Muridae); e Nelomys nigrispinis (Rodentia, Echimyidae). Quanto à interação de mamíferos arborícolas com aráceas, registrei 17 espécies de Araceae na área de estudo. As sementes das seguintes espécies ocorreram nas amostras fecais de primatas (Cebus apella e Brachyteles arachnoides) e de marsupiais (Didelphis aurita, M. demerarae, G. microtarsus): Anthurium harrissi, Monstera adansonii, Philodendron corcovadense, P. appendiculatum, P. crassinervium e Heteropsis oblongifolia. Aráceas parecem ser uma fonte alimentar importante para marsupiais e primatas e que esses animais podem representar um papel importante como dispersores de sementes deste grupo. Essa relação parece ser mais forte na Mata Atlântica do que em outras florestas neotropicais. Por último realizei também uma análise geral da variação na composição de comunidades de pequenos mamíferos na Floresta Atlântica brasileira. Para isso usei Análise de Componentes Principais (PCA) com dados deste estudo e também de literatura. Os maiores contrastes entre comunidades foram encontrados entre estágios iniciais e finais de sucessão secundária após derrubadas de florestas e entre florestas de baixada/submontanas e florestas montanas. Encontrei uma maior riqueza em florestas nos estágios finais de sucessão. Diferentes perturbações ambientais levaram a diferentes modificações na fauna. O domínio da Mata Atlântica é um mosaico de diferentes formações florísticas reduzido a um aglomerado de fragmentos florestais sujeitos a diversos tipos e graus de perturbação. Processos antrópicos agindo em escala ecológico-local (derrubadas, queimadas e fragmentação) e a sucessão secundária subseqüente exercem um papel preponderante na diferenciação das comunidades de pequenos mamíferos na Mata Atlântica

ASSUNTO(S)

mata atlantica mamifero ecologia

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