Estudo clínico-laboratorial e histopatológico de cães naturalmente infectados por Leishmania chagasi com diferentes graus de manifestação física

AUTOR(ES)
DATA DE PUBLICAÇÃO

2005

RESUMO

A leishmaniose visceral canina (LVC) é uma importante zoonose de distribuição mundial com grande impacto em saúde pública no Continente Americano, especialmente no Brasil, onde a natureza endêmica da doença humana afeta boa parte do território nacional. A influência da prevalência da LVC na ampliação da taxa de casos humanos em áreas endêmicas e no desencadeamento de surtos epidêmicos ainda carece de um entendimento mais profundo, o que geraria avanços significativos nas atuais medidas destinadas ao controle de reservatórios da doença preconizadas pelo Programa Nacional de Vigilância e Controle da Leishmaniose Visceral. O presente trabalho descreveu e comparou os achados clínico-laboratoriais e histopatológicos de vinte e três cães infectados naturalmente pela Leishmania chagasi, provenientes de localidades endêmicas da área metropolitana de Natal-RN. Estes animais, escolhidos a partir de exame físico e sorologia (IFI e ELISA rK-39), foram classificados de acordo com o grau de comprometimento clínico e submetidos a coleta de sangue (sangue total e soro) para realização de hemograma completo, provas bioquímicas de função renal e hepática, e coagulograma. A confirmação da infecção por L. chagasi foi realizada após a eutanásia dos animais, pela demonstração direta do parasita em impressão de baço e fígado corado com GIEMSA e através de cultivo em meio NNN/Schneider. De acordo com a avaliação clínica, os animais foram classificados em assintomáticos (7), oligossintomáticos (7) e polissintomáticos (9). Dentre os animais necropsiados, foram selecionados 2 cães assintomáticos, 3 oligossintomáticos e 3 polissintomáticos para o estudo histopatológico, sendo colhidos fragmentos de baço, fígado rins e pele e fixados em formol a 10% tamponado. A comparação entre as médias dos parâmetros clínico-laboratoriais testados nos grupos foi realizada através do teste t de Student (α<0,05). Os principais sinais clínicos observados foram linfadenomegalia, alopecia, dermatite esfoliativa, úlceras cutâneas, onicogrifose e emaciação. As principais alterações clínico-laboratoriais estabelecidas, principalmente no grupo polissintomático, foram anemia, hiperproteinemia, hipoalbuminemia, hiperglobulinemia, alterações no índice albumina/globulina e aumento da atividade da ALT. Alterações renais não foram verificadas (uréia e creatinina normais). Trombocitopenia foi observada no três grupos clínicos, contudo, os outros indicadores da função de coagulação (TAP e TTPA) não apresentaram variações anormais. Foi observado Infiltrado inflamatório e amastigotas de leishmania na pele de cães polissintomáticos, porém não na pele de animais assintomáticos. Hipertrofia e hiperplasia do sistema fagocitário mononuclear, macrófagos parasitados por amastigotas de leishmania, hematopoiese extramedular e alterações degenerativas foram detectadas no baço e fígado dos 8 animais submetidos a exame histopatológicos. De acordo com esses resultados, foi demonstrada que as alterações esperadas nos parâmetros hematológicos e bioquímicos em função da natureza viscerotrópica da LVC são observadas principalmente em estágios mais avançados da doença. A ausência de infiltrado inflamatório e carga parasitária na pele sugerem que animais infectados sem sintomatologia talvez tenham importância irrelevante na infectividade para o vetor

ASSUNTO(S)

leishmaniose visceral canina leishmania chagasi canine visceral leishmnia leishmania chagasi bioquimica leishmaniasis leishmaniose

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