Estudo clínico e imunológico de controle de cura de paracoccidioidomicose crônica

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DATA DE PUBLICAÇÃO

2008

RESUMO

A paracoccidioidomicose (PCM), causada pelo fungo dimórfico Paracoccidioides brasiliensis (Pb), é a micose sistêmica mais prevalente na América Latina, sendo encontrada principalmente no Brasil. Um dos principais problemas na abordagem dos pacientes com PCM é determinar o momento correto da interrupção de seu tratamento. O objetivo deste trabalho é investigar o perfil clínico e imunológico de pacientes com PCM crônica, buscando estabelecer parâmetros para seu controle de cura. Foram acompanhados ambulatorialmente 75 pacientes adultos com PCM que procuraram o Hospital das Clínicas da Universidade Federal de Minas Gerais UFMG, entre março de 2001 e dezembro de 2006, em avaliações semestrais. Os critérios para inatividade ou cura clínica foram: completa remissão dos sinais ou sintomas da PCM ativa e regressão ou estabilização das alterações observadas nos exames de imagem com intervalo de três meses. Foram realizadas dosagens de marcadores inflamatórios (anticorpos IgG anti-Pb, sTNF-R1, sTNF-R2, CXCL9, CCL2, CCL3, CCL11 e CCL24) no soro por teste ELISA em 26 desses pacientes, na primeira consulta e após seis, 12 e 36 meses de tratamento. Para comparação, as dosagens dos mesmos marcadores foram feitas num grupo controle constituído por 37 voluntários sadios pareados com os pacientes por idade. Inatividade clínica foi alcançada por 53 (71%) pacientes; em 27 (51%) casos, a cura clínica foi observada nos primeiros seis meses. Regressão logística binária identificou esquema terapêutico e acometimento de mucosas como os mais significativos preditores de mau prognóstico em PCM crônica; tratamentos com azólicos isoladamente ou combinados a sulfas associaram-se a menor percentual de cura clínica. A dosagem dos níveis séricos de anticorpos IgG anti-Pb e de sTNF-R2 apresentou maiores valores de sensibilidade e especificidade, nos respectivos pontos de corte, definidos pelo método da curva ROC, para discriminar os controles sadios dos pacientes com PCM crônica. O nível de sTNF-R1, entretanto, parece um marcador mais fidedigno de atividade da doença do que sTNF-R2. Os pacientes com PCM crônica (tipo adulto) não tratados apresentaram ativação preferencial de resposta imunológica tipo Th1, porém, ao longo do tratamento, verifica-se mudança do padrão de resposta para Th2, o que pode estar associado à imunorregulação. Ao final dos 36 meses de acompanhamento, os níveis de IgG anti-Pb, sTNF-R1, CCL2 e CCL24 estavam significativamente elevados no grupo de pacientes em relação ao grupo controle. A análise conjunta do estado clínico dos pacientes com os níveis séricos de marcadores inespecíficos, sobretudo sTNF-R1 e sTNF-R2, e com os anticorpos específicos anti-Pb poderia aumentar significativamente a acurácia da determinação do momento adequado para se interromper a terapia antifúngica dos pacientes com PCM. Outros estudos são necessários para confirmar se algum desses marcadores inflamatórios poderá ser usado como um parâmetro que reflete de modo confiável a atividade da doença nos pacientes com PCM e, talvez, contribuir para diminuir suas recidivas.

ASSUNTO(S)

estudos prospectivos decs paracoccidioidomicose decs paracoccidioidomicose/terapia decs quimiocinas decs medicina tropical teses. tese da faculdade de medicina ufmg paracoccidioides decs paracoccidioidomicose/imunologia decs dissertações acadêmicas decs

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