Estudo citogenetico comparativo de especies do genero Colostethus (Anura-Dendrobatidae

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DATA DE PUBLICAÇÃO

2000

RESUMO

O gênero Colostethus é composto por um grande número de espécies, que se caracterizam por exibir uma coloração parda e não apresentar toxinas na pele. Quando comparado aos outros gêneros da Família Dendrobatidae, Colostethus possui características menos especializadas e o maior número cromossômico conhecido para a família (2n= 24). Dados cariotípicos obtidos para os gêneros desta família indicam uma tendência à diminuição do número cromossômico, porém as relações intergenéricas e a origem desta família ainda é controversa. Os poucos estudos citogenéticos existentes para dendrobatídeos restringem-se apenas à determinação do número e morfologia cromossômica. Neste trabalho, foi realizada a análise cariotípica de 4 espécies de Colostethus da Amazônia brasileira, sendo três delas do grupo marchesianus, e descrevemos pela primeira vez os padrões de heterocromatina e região organizadora do nucléolos (NOR) para o gênero. Colostethus stepheni apresenta número diplóide 2n = 24 cromossomos, à semelhança de todos os outros Colostethus descritos na literatura. O cariótipo de Colostethus stepheni difere do de outras espécies do gênero, tanto na morfologia de alguns pares cromossômicos, quanto na localização da constrição secundária. A estrutura bimodal do cariótipo e a presença do par I metacêntrico grande são características comuns aos dendrobatídeos em geral. Esta espécie possui apenas um par de NOR localizado na região pericentromérica dos cromossomos 1, coincidente como uma constrição secundária e com um bloco de heterocromatina constitutiva. Heteromorfismo de tamanho de NOR foi detectado em alguns indivíduos e a heterocromatina constitutiva foi localizada nas regiões centroméricas de todos os cromossomos. As três espécies do grupo marchesianus, r Colostethus caeruleodactylus, C. sp. 1 (aff marchesianus) e C. sp. 2 (aff marchesianus), diferem de C. stepheni e das demais espécies de Colostethus cariotipadas por apresentarem 2n = 22 cromossomos, revelando, assim, um novo número cromossômico para o gênero. Na Família Dendrobatidae, variabilidade intragenérica no número de cromossomos foi descrita apenas em Dendrobates, sendo encontradas espécies com 2n = 18 ou 20 cromossomos. Os cariótipos das três espécies são semelhantes, com pequenas diferenças na morfologia de alguns pares cromossômicos. Porém, essas espécies podem ser facilmente distinguidas entre si, também pela localização da NOR e pelo padrão de distribuição de heterocromatina constitutiva. A NOR está localizada no braço longo de par 4 em C. caeruleodactylus e no braço curto do par 8 em C. sp. 1 (aff marchesianus) e do par 7 em C. sp. 2 (aff marchesianus). Heteromorfismos de tamanho de NOR foram observados nessas duas últimas espécies. Em C. caeruleodactylus, foi detectada uma NOR adicional na região intersticial do braço longo de um dos homólogos do par 1. Somente em C. sp. 2 (aff. marchesianus), a constrição secundária não foi indicadora da região organizadora do nucléolo, sendo caracterizada pela presença de uma heterocromatina constitutiva fortemente corada, localizada adjacente à NOR. A hibridação in situ (FISH) com sonda de rDNA confirmou a localização de todas as NORs, detectadas pela impregnação por prata, porém uma marcação adicional no braço longo do par 5 em um indivíduo de C. sp. 1 (aff. marchesianus), não detectada por AgNOR, também foi observada, indicando a presença de seqüências homólogas ao rDNA nesta região. Apesar das diferenças encontradas no padrão de distribuição de heterocromatina constitutiva, uma pequena banda no braço longo do par 7 foi detectada nas três espécies, podendo esta heterocromatina ser considerada marcadora para os Colostethus do grupo marchesianus. Considerando-se que Colostethus caeruleodactylus, C. sp. 1 (aff. marchesianus) e C. sp. 2 (aff marchesianus) apresentam o mesmo número cromossômico e similaridade cariotípica, mas diferenças no padrão de NOR e de banda C, é possível que rearranjos cromossômicos, como translocações e eventos como adição de blocos heterocromáticos, transformação de segmentos eucromáticos em heterocromáticos e a evolução em conjunto de múltiplos sítios heterocromáticos, possam estar envolvidos na diferenciação destas espécies. A redução do número cromossômico de 24 para 22 parece ser uma característica do grupo de Colostethus marchesianus e deve ter envolvido mais de um tipo de rearranjo cromossômico, já que não há evidências diretas de que fenômenos de fissão e fusão, por si só, sejam responsáveis pelo cariótipo atualmente encontrado nesse grupo

ASSUNTO(S)

anfibio citogenetica anuro

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