Estrutura genética de Chromis multilineata (Guichenot, 1853) (Perciformes Pomacentridae) na costa NE do Brasil e ilhas oceânicas: evidências de um passado evolutivo instável.

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DATA DE PUBLICAÇÃO

2008

RESUMO

A fauna de peixes recifais brasileiros compreende aproximadamente 320 espécies distribuídas ao longo da costa continental e das ilhas oceânicas. Pouco se conhece sobre os níveis de conectividade entre suas populações, embora tenha sido constante o interesse nas relações entre o continente e as ilhas oceânicas brasileiras, numa perspectiva biogeográfica. As ilhas oceânicas brasileiras abrigam um considerável número de espécies endêmicas, as quais são localmente abundantes, e repartem uma considerável porção de sua fauna de peixes recifais com o Atlântico Ocidental. Entre as famílias de peixes recifais mais ricas em espécies estão os pomacentrídeos. O presente trabalho analisou, através de análises de seqüências da região controle do DNA mitocondrial (D-loop), os padrões genético-populacionais de C. multilineata em diferentes áreas do litoral NE do Brasil, envolvendo tanto ilhas oceânicas (Fernando de Noronha e Arquipélago de São Pedro e São Paulo) como plataforma continental (RN e BA). Para isso, foram utilizadas seqüências nucleotídicas parciais da região HVR1 do MtDNA (312pb). A estrutura populacional e os parâmetros para as estimativas da variabilidade genética, variância molecular (AMOVA), estimativa do índice de fixação (FST) e número de migrantes foram determinados. As relações filogenéticas entre as populações foram estimadas utilizando-se o método de neighbour-joining (NJ). A análise de agrupamento Bayesiano foi utilizada para a verificação de estruturação populacional, segundo a freqüência haplotípica de cada indivíduo. A variabilidade genética das populações de C. multilineata se mostrou extremamente elevada. As populações amostradas revelam moderada estruturação genética, com maior grau de divergência genética sendo observado para a amostra do Arquipélago de São Pedro e São Paulo. Em menor escala geográfica, a amostra do Rio Grande do Norte e do Arquipélago de Fernando de Noronha não apresentam diferenciação genética. Três grupos populacionais moderadamente diferenciados foram identificados: um grupo populacional (I), formado pelo Rio Grande do Norte (I) e o Arquipélago de Fernando de Noronha (I); e outros dois grupos distintos formados pela população insular do Arquipélago de São Pedro e São Paulo (II) e pela Bahia (III). Os padrões genéticos encontrados sugerem que a espécie sofreu uma radiação relativamente recente favorecendo a ausência de haplótipos compartilhados. C. multilineata parece constituir uma população relativamente homogênea ao longo costa do Atlântico Ocidental com indícios de uma moderada estruturação genético-populacional em relação ao Arquipélago de São Pedro e São Paulo. Estes dados subsidiam a importância das correntes marinhas na dispersão de larvas e na similaridade interpopulacional desta espécie.

ASSUNTO(S)

estrutura genética biologia molecular chromis biologia geral

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