Estrutura da comunidade de macroinvertebrados bentônicos de cinco alagados temporários do Litoral Norte do Rio Grande do Sul, Brasil

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DATA DE PUBLICAÇÃO

2007

RESUMO

O presente estudo teve como objetivo caracterizar a estrutura da macrofauna bentônica, associada ao substrato de fundo, em cinco alagados temporários no Litoral Norte do Rio Grande do Sul, Brasil. Foram feitas coletas com amostrador tipo corer, com 0,39 m2 de diâmetro, em duas estações do ano: verão (março) e inverno (setembro) de 2004. De cada um dos alagados foram retiradas 6 repetições de sedimento. Nos locais de coleta, foram feitas medidas de temperatura, oxigênio dissolvido, saturação de oxigênio, transparência e profundidade. Foram realizadas coletas de água para análise das variáveis ambientais: nitrogênio total, fósforo total, sólidos totais, DQO e coletas de sedimento para análise granulométrica e de matéria orgânica. A comunidade de macroinvertebrados bentônicos esteve representada por 28 famílias. A partir da média das 6 repetições foram calculadas a densidade e a abundância dos organismos.A riqueza de famílias variou de 10 a 14 no verão, e de 8 a 13 no inverno. A classe Oligochaeta esteve presente em todos os banhados, no verão e no inverno, com as famílias Naididae e Tubificidae. As famílias mais abundantes foram Naididae (Oligochaeta) com 46,8% de abundância relativa e Chironomidae (Insecta: Diptera) com 36,8%. O verão apresentou os maiores valores de densidade da macrofauna bentônica, 5.902 ind/m2 a 46.997 ind/m2, com densidade média de 22.397 ind/m2. No inverno, variou de 4.798 ind/m2 a 14.607 ind/m2, com densidade média de 10.080 ind/m2. O alagado temporário com maior índice de diversidade de Shannon (2,05) foi o arrozal. O resultado da análise de agrupamento, com base na composição e na densidade da macrofauna bentônica, mostra uma nítida separação sazonal entre os alagados temporários, revelando, também, que os alagados, no inverno, foram mais similares entre si do que no verão. Através da análise de correlação de Spearman, verificou-se que Tubificidae correlacionou-se significativamente com a DQO, (r = -0,94; p=0,00) e o Nitrogênio total, (r = -0,91; p = 0,00). Hyallelidae apresentou as maiores correlações significativas com a temperatura (r = -0,91; p = 0,00) e com o oxigênio dissolvido (r = 0,80; p = 0,01). Concluiu-se que os pequenos alagados temporários no Litoral Norte estão sujeitos às mudanças climáticas que ocorrem sazonalmente. A densidade de indivíduos é alta, quando comparada a ambientes lacustres, indicando que a biomassa e a produtividade também devem ser altas nesse tipo de ambiente. No Litoral Norte, esses alagados temporários vêm sofrendo forte pressão antrópica, sendo essas áreas ocupadas para cultivos, pastoreio e urbanização, ocasionando a destruição desses ambientes que deveriam merecer mais atenção das autoridades competentes.

ASSUNTO(S)

rio grande do sul, litoral norte macrofauna bentônica Áreas úmidas : brasil

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