Estresse e suporte social em profissionais do setor de segurança pessoal e patrimonial

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DATA DE PUBLICAÇÃO

2007

RESUMO

Estudos sobre policiais destacam que estes constituem um dos grupos profissionais com maior freqüência de alto nível de estresse. Assim, este estudo foi desenvolvido com os objetivos de avaliar fatores de estresse ocupacional e de relacionar o estresse com o suporte social em uma amostra de policiais civis de uma Delegacia Regional de Segurança Pública. O estudo foi desenvolvido em duas fases, nas quais foram adotadas diferentes metodologias. Na primeira fase participaram voluntariamente 40 policiais civis e buscou-se identificar os estressores gerais no trabalho do policial civil e investigar as formas de enfrentamento ao estresse pelos policiais, utilizando um roteiro de entrevista semi-estruturado. Após análise de conteúdo foram obtidas 222 respostas sobre os estressores ocupacionais, que foram classificados em 18 categorias envolvendo as características do trabalho, relacionamento com colegas e superiores, imagem negativa da classe por parte da sociedade e da mídia e falta de apoio legal e governamental ao trabalho da polícia. A estratégia utilizada para lidarem com o estresse gerou 86 respostas, sendo que a maioria utiliza manejo dos sintomas, tais como autocontrole, apoio da família, lazer, prática de exercícios, religião e atitude positiva. Na segunda fase deste estudo participaram 96 sujeitos, correspondendo a aproximadamente 50% do quadro de pessoal da Delegacia, com os objetivos de analisar o suporte social percebido, a satisfação com o suporte social, o nível de estresse e sua manifestação sintomática na amostra; e investigar a relação entre a percepção de suporte social, as características biográficas e os sintomas de estresse relatados. O instrumento auto-administrável continha questões sobre dados biográficos e profissionais, o Inventário de Sintomas de Stress para Adultos e o Questionário de Suporte Social. As respostas foram digitadas em planilha do programa SPSS for Windows, versão 11.0, para proceder às análises. Os resultados indicaram mais de 50% dos participantes com estresse, já em fase de resistência/quase exaustão ou exaustão. Nas análises de cruzamento de variáveis, verificou-se que no grupo de sujeitos com grau de escolaridade superior, a maioria apresentou estresse; e que quanto maior a carga horária semanal, maior o nível de estresse. Quando se analisou o tipo de sintoma de estresse, verificou-se que entre os 51 sujeitos que apresentaram estresse, 25 tiveram predominância de sintomas psicológicos e 20 mostraram predominância de sintomas físicos, de acordo com a tabela de correção do ISSL. O Questionário de Suporte Social Percebido (SSQ-N) indicou que a maioria percebe, em média, duas pessoas como suportivas e que estão entre razoavelmente satisfeito e um pouco satisfeito com este suporte. As ANOVAs mostraram diferença entre as médias em suporte social do grupo de sujeitos sem estresse, em comparação com aqueles na fase de resistência/quase exaustão e os que estão na fase de exaustão, de modo que quanto menor o suporte social percebido, mais grave a fase de estresse em que o sujeito se encontra. Entretanto, esta diferença não foi significativa para o Índice N, representativo do número médio de pessoas percebidas como suportivas nas diversas situações do SSQ-N. Quanto à satisfação com o suporte social (Índice S) verificou-se que quanto maior a satisfação com o suporte social, menor o nível de estresse. O suporte social percebido (Índice N) correlacionou-se negativamente com as três medidas de sintomas de estresse do ISSL, indicando que quanto maior o número de pessoas suportivas, menor a quantidade de sintomas indicados pelo sujeito. A satisfação com o suporte social (Índice S) correlacionou-se positivamente com os sintomas de estresse nos três períodos, de modo que quanto mais satisfeito o sujeito com o suporte social percebido, também menor o número de sintomas de estresse indicados, confirmando-se, assim, as hipóteses principais deste estudo. Foi possível concluir que a metodologia utilizada permitiu um diagnóstico organizacional que extrapola a questão da saúde/estresse, ao identificar problemas na infra-estrutura do trabalho, na organização das tarefas e no relacionamento entre os funcionários e destes com a sociedade. Retomando o conceito e os níveis de análise do Comportamento Organizacional, este estudo confirma que o estresse no trabalho é uma questão individual, de grupo e da organização.

ASSUNTO(S)

policial civil comportamento organizacional civil policemen estresse psicologia stress suporte social estresse ocupacional social support

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