Estreptoquinase no infarto agudo do miocardio : avaliação dos fatores determinantes da sobrevida a curto e longo prazos

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DATA DE PUBLICAÇÃO

1992

RESUMO

Objetivo - Analisar, em pacientes com infarto agudo do miocárdio submetidos a estreptoquinase intravenosa: a) variáveis que poderiam influenciar a sobrevida precoce (fase hospitalar) e tardia (até o sexto ano de seguimento); b) o papel da revascularização cirúrgica como terapêutica complementar ao fibrinolítico. Casuística e métodos - Estudaram-se 332 pacientes (idade média 55,6 +- 10 anos), entre 20 minutos e seis horas de evolução do infarto, submetidos à infusão de 750.000 unidades de estreptoquinase em 15 minutos. As variáveis analisadas para correlação com sobrevida foram: fração de ejeção do ventrículo esquerdo>50% à cineventriculografia contrastada; ausência de hipotensão durante ou imediatamente após infusão da droga; pico de CK-MB <= 100 UI/I; ausência de infarto prévio; ausência de doença multi-arterial coronária; ausência de reinfarto intra-hospitalar; sexo masculino; tratamento invasivo (cirurgia ou angioplastia) complementar ao fibrinolítico; artéria relacionada ao infarto pérvia à cinecoronariografia; idade <=65 anos; tempo entre o início da dor e o início da infusão de estreptoquinase <=3 horas; artéria relacionada ao infarto com obstrução residual <70%; localização inferior do infarto. Os períodos de seguimento analisados foram: a) precoce (fase hospitalar); b) tardio: médio (primeiro ano de seguimento) e longo prazos (até o sexto ano de evolução). Finalmente, compararam-se pacientes submetidos a tratamento cirúrgico, em relação àqueles mantidos em acompanhamento clínico. Resultados - a) Fase hospitalar: sobrevidas significativamente maiores foram obtidas em pacientes com fração de ejeção >50% (98 versus 86,9%, p=0,001, 95% IC=5,1 a 17,1%), com pico de CK-MB <= 100 UI/I (95,5 versus 84%, p=0,009, 95% IC=3,8 a 19,1%), e com ausências de hipotensão (93,7 versus 72,4%, p<0,001, 95% IC= 10,9 a 31,7%), infarto prévio (93,4 versus 81,8%, p=0,02, 95% IC=2,9 a 20,3%), e doença multi-arterial coronária (98 versus 92,1%, p=0,037, 95% IC= 1 a 10,8%), em relação àqueles que não apresentavam tais características. Em análises de regressão simples, fração de ejeção >50% (p<0,001), pico de CK-MB <=100 UI/I (p=0,003) e ausências de hipotensão (p50% (p=0,017) e ausências de hipotensão (p=0,01), doença multi-arterial coronária (p=O,032) e reinfarto (p=0,037); b) primeiro ano de seguimento: correlacionaram-se significativamente com sobrevida (Iog-rank): fração de ejeção >50% (p=0,0187), tratamento invasivo (p=0,0028), localização inferior do infarto (p=0,044), ausências de reinfarto (p=0,0451) e infarto prévio (p=0,0001); c) sexto ano de seguimento: o mesmo tipo de análise mostrou correlações significativas para fração de ejeção >50% (p=0,028), idade <=65 anos (0,0114), tratamento invasivo (p=O,013) e ausência de infarto prévio (p=O,OO09); d) comparação entre os grupos clínico e cirúrgico: o primeiro, em relação ao segundo, apresentou fração de ejeção média similar (59% versus 62,7%, p=NS), o mesmo ocorrendo com suas características clínicas; entretanto, era de risco menor no que se refere ao percentual de pacientes com obstrução residual da coronária relacionada ao infarto >= 70% (77,1% versus 99,2%, p50% foi a única variável que, em qualquer fase, e por qualquer tipo de análise estatística utilizada, correlacionou-se significativamente com sobrevida. Ausência de infarto prévio ficou próxima, só não mostrando significância à análise de regressão múltipla, a nível hospitalar. Tratamento invasivo (cirurgia/angioplastia) e ausência de reinfarto mostraram correlações significativas em duas das fases estudadas. Em apenas uma das fases analisadas, ausências de hipotensão e doença multi-arterial coronária, localização inferior do infarto, pico de CKMB <= 100 UI/I e idade <= 65 anos, mostraram correlações significativas. Sexo masculino, obstrução residual <70% e patência da coronária relacionada ao infarto, tempo entre o início da dor e o início da infusão de estreptoquinase <=3 horas, não se correlacionaram com sobrevida em nenhuma das fases analisadas; b) o tratamento cirúrgico, indicado com base fundamentalmente em critérios anatômicos, levou a altos níveis de sobrevida, significativamente maiores, a médio e longo prazo, em relação àqueles obtidos para pacientes mantidos em tratamento clínico.

ASSUNTO(S)

coronariopatias enfarte do miocardio

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