Estratégias técnicas e políticas para manutenção ou transformação do modelo assistencial em saúde mental: Urgências Psiquiátricas um refúgio sem saída?

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DATA DE PUBLICAÇÃO

2009

RESUMO

O presente estudo tem como objeto o poder capaz de manter ou transformar o modelo assistencial de saúde mental, através das estratégias técnicas e políticas utilizadas pelas equipes das urgências psiquiátricas. A transformação do modelo assistencial decorre da implementação de políticas de saúde que proporcionem estratégias de intervenção no cotidiano das práticas dos trabalhadores, nas quais se constroem e são construídos. Teve-se como objetivo compreender como ocorre o poder nos espaços institucionais das Urgências Psiquiátricas e quem são os sujeitos que efetivamente constroem estes espaços no ato produtivo da prática de cuidado em saúde mental, analisando as estratégias técnicas (saberes e práticas) e políticas adotadas pelas equipes de saúde mental nas urgências psiquiátricas. A pesquisa de natureza qualitativa analisa a ótica dos sujeitos que vivenciam o objeto em questão. O recorte espacial se compreende a partir do macrocenário Sistema Municipal de Saúde de Fortaleza/Rede Assistencial de Saúde Mental e do microcenário as urgências psiquiátricas localizadas em dois Hospitais Psiquiátricos em Fortaleza. Os sujeitos sociais da pesquisa selecionados exercem o poder que determina a forma das ações que devem ocorrer nas urgências psiquiátricas: os trabalhadores que lidam direta equipe de saúde ou indiretamente funcionários dos setores administrativos, dirigentes, gestores com as urgências psiquiátricas e os que se utilizam destes serviços usuários/familiares. Os instrumentos de coleta de dados utilizados foram entrevistas semiestruturadas, observação sistemática, documentos de gestão e para registro de dados, gravação. A organização e análise dos dados fundamentam-se na perspectiva crítica reflexiva, da Análise de Conteúdo Crítica de Minayo. Os resultados obtidos nos Serviços de Urgência Psiquiátrica demonstram que esses serviços, principalmente a privada, se utilizam de estratégias técnicas e políticas para manutenção do modelo psiquiátrico tradicional. O atendimento na Urgência Psiquiátrica privada, ainda acontece por ordem de chegada, não priorizando as demandas dos usuários. A Rede Assistencial de Saúde Mental, por não ter uma cobertura capaz de absorver a demanda da população de Fortaleza, principalmente das pessoas com transtorno mental cronificado, reforça a existência dos hospitais psiquiátricos. Os trabalhadores desses serviços, por sua vez, reproduzem suas práticas, não estando qualificados para atuarem em um novo modelo de atenção em saúde mental. Para que haja um avanço na transformação do modelo assistencial em saúde mental, a Secretaria Municipal de Saúde de Fortaleza, através da Rede Assistencial de Saúde Mental deverá implementar estratégias de enfrentamento aos Hospitais Psiquiátricos, criando condições estruturais e assistenciais para as pessoas que apresentam transtornos mentais, como qualificar os profissionais que fazem parte da Rede numa perspectiva da atenção psicossocial.

ASSUNTO(S)

health care psychiatric emergency services serviços de urgências psiquiátricas model for mental health poder modelo assistencial em saúde mental saude publica health policy power política de saúde

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