Estratégias de mediação do sofrimento no trabalho automatizado : estudo exploratório com pilotos de trem de metrô do Distrito Federal
AUTOR(ES)
Emílio Peres Facas
DATA DE PUBLICAÇÃO
2009
RESUMO
Este estudo objetiva verificar quais estratégias pilotos de trem de metrô do Distrito Federal lançam mão para mediar o sofrimento no trabalho automatizado. Para tal, busca descrever a organização do trabalho a que os pilotos estão submetidos, investigar suas vivências de prazer-sofrimento e descrever os mecanismos de mediação do sofrimento no trabalho utilizados por esses trabalhadores. Tem como aporte teórico a psicodinâmica do trabalho, no qual a organização do trabalho é conceituada como a forma como as tarefas são definidas, divididas e distribuídas, a forma como são concebidas as prescrições, bem como a forma como se operam a fiscalização, o controle, a ordem, a direção e a hierarquia. O prazer-sofrimento é estudado como um constructo dialético, sendo definido como vivências de angústia, medo, insegurança, reconhecimento e liberdade de expressão. Já as estratégias de mediação visam responder às contradições da organização do trabalho, evitando ou transformando as situações geradoras de sofrimento. As etapas de pesquisa foram: a) reuniões com os diretores do Sindicato dos Metroviários do DF, a fim de delinear a pesquisa e explicar o modo como ela seria conduzida; b) observação livre de uma estação de metrô de SP; c) análise de documentos e textos referentes à companhia do Distrito Federal; d) uma entrevista coletiva, que serviu como primeiro contato com os pilotos voluntários da pesquisa; e) quatro entrevistas semi-estruturadas individuais, analisadas por meio da Análise de Núcleo de Sentido e apresentadas nos resultados da presente dissertação. Percebe-se rigidez na organização do trabalho prescrita, com baixo reconhecimento da capacidade dos trabalhadores em lidarem com a defasagem entre prescrito e real; dificuldade na gestão do trabalho e relações de poder; sentimento de indignidade, inutilidade, desqualificação e indignação; construção de um coletivo de regras e estratégias defensivas individuais como formas de lidar com as dificuldades descritas. Os resultados repetem dados de pesquisa da década de 80 com mão-de-obra pouco qualificada, e traz à tona uma contradição: um transporte moderno com um modelo de gestão baseado no automatismo e com traços da Organização Científica do Trabalho de Taylor.
ASSUNTO(S)
automatismo piloto de trem de metrô psicologia pleasure-suffering subways drivers psychodynamics of work strategies of mediation psicodinâmica do trabalho prazer-sofrimento, estratégias de mediação automatism
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