Estoque e dinâmica de carbono em plantios subtropicais de Eucalyptus saligna e Mediterrâneos de Eucalyptus globulus / Carbon stock and dynamics on subtropical plantations of Eucalyptus saligna and mediterrânean plantations of eucalyptus globulus

AUTOR(ES)
DATA DE PUBLICAÇÃO

2011

RESUMO

O continuo aumento na concentração de dióxido de carbono na atmosfera, resultado da combustão de combustíveis fósseis, de mudanças no uso do solo e do desmatamento para a agricultura, é um assunto de grande importância devido a suas implicações no aquecimento global e nas mudanças climáticas. O florestamento é visto como uma solução para frear o aumento na concentração de CO2 atmosférico, podendo contribuir na mitigação das mudanças climáticas através do seqüestro de carbono na biomassa das árvores e no solo. O presente estudo teve como objetivo avaliar alguns dos processos que envolvem o estoque e a dinâmica do carbono em sistemas florestais manejados com eucalipto. O estudo abrangeu trabalhos de campo para quantificar o estoque de carbono nos componentes do sistema florestal com árvores de Eucalyptus saligna com três anos de idade na região Sul do Brasil e a investigação do efeito de variações sazonais e ontogenéticas sobre as emissões respiratórias de CO2 das folhas e do caule de Eucalyptus globulus com 6 e 11 anos de idade sob clima Mediterrâneo na região central de Portugal. Os resultados do experimento de campo realizado no Brasil mostraram que a biomassa do caule representa o principal pool de carbono no sistema florestal (média de 68% do estoque total), seguido pelo solo (média de 30%) enquanto que os pools mais lábeis de carbono, como a biomassa das folhas, raízes e a serrapilheira representam uma menor proporção do estoque total de carbono (média de 2%). O teor de argila e o conteúdo gravimétrico de água no solo foram positivamente relacionados com as variações observadas no estoque de carbono no solo e na biomassa de folhas e do caule. O acúmulo de carbono no solo não foi associado com a produção e composição química de serrapilheira. Por outro lado, as variações observadas no estoque de carbono nas frações do solo (carbono associado a minerais e carbono orgânico particulado) foram significativamente associadas com as características do solo, principalmente o teor de argila e a concentração de cobre; e com a composição química das raízes. As relações observadas entre as características do solo e das raízes com as frações de carbono associado a minerais e de carbono orgânico particulado parecem estar associadas com a função dessas variáveis sobre os processos de decomposição e estabilização da matéria orgânica no solo. Os resultados do experimento de campo conduzido em Portugal evidenciaram que a medida que as árvores tornam-se maiores e mais velhas ocorre um aumento nas perdas respiratórias de CO2 das folhas e do caule. Entretanto, o acentuado aumento observado nas emissões respiratórias nas árvores mais velhas (11 anos) ocorreu apenas durante o outono, sendo associado com a recuperação do status hídrico da planta após um período de déficit hídrico durante o verão. O aumento na respiração foliar e do caule nas árvores mais velhas após a recuperação do turgor celular durante o outono parece estar relacionado com o aumento na energia requerida para os processos de manutenção celular mais do que aos processos de respiração de crescimento. Os resultados deste estudo indicaram que em sistemas florestais manejados, o caule das árvores representa o principal pool de carbono e que as perdas de carbono através das emissões respiratórias de CO2 tornam-se mais acentuadas nas árvores mais velhas, apenas em condições ambientais favoráveis ao ganho de carbono, tais como no outono, sendo influenciadas pelo turgor celular. Por outro lado, o acúmulo de carbono no solo parece estar relacionado com a relação entre as características intrínsecas do solo, sobretudo a granulometria, e a composição química das raízes, sobre os processos de estabilização da matéria orgânica no solo do que em relação à quantidade de serrapilheira depositada no solo.

ASSUNTO(S)

ecofisiologia vegetal eucalyptus teses

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