Estilos de cuidado materno em primatas: considerações a partir de uma espécie do Novo Mundo

AUTOR(ES)
FONTE

Psicol. USP

DATA DE PUBLICAÇÃO

07/10/2019

RESUMO

Resumo Quando buscamos entender o comportamento humano, comparações com primatas não humanos são especialmente relevantes para identificar homoplasias (características semelhantes que evoluem independentemente em diferentes espécies). Neste artigo, apresentamos um estudo longitudinal de dois anos sobre o comportamento materno de macacos-prego (Sapajus spp.) em condições naturalísticas. Nossos resultados permitiram identificar estilos de cuidado distintos dentro de um contínuo de permissividade a proteção. O desenvolvimento observado do vínculo entre mães e filhotes sugere que o período de dependência de filhotes de macaco-prego envolve, além de processos de maturação física, o estabelecimento e desenvolvimento de processos psicológicos associados ao sistema de apego. É possível que a variabilidade de estilos maternos resultante da combinação de características de mães, filhotes e contextos socioecológicos, aliada ao prolongamento do vínculo de apego, pavimente caminhos para diferentes trajetórias de desenvolvimento. Como em humanos, esse pode ser um dos mecanismos pelos quais surgem e se consolidam as diferenças interindividuais nas populações adultas.Abstract When aiming understand the human behavior, comparisons with nonhuman primates are especially relevant to identify homoplasies (similar characteristics that evolve independently in different species). In this paper, we present a two-year longitudinal study on the maternal behavior of capuchin monkeys (Sapajus spp.) under naturalistic conditions. Our results revel distinct maternal care styles within a continuum ranging from permissiveness (laissez-faire) to protectiveness. The observed development of mothers and infants bond suggests that the dependence period of capuchin monkeys infants involves, in addition to physical maturation processes, the establishment and development of psychological processes associated with the attachment system. It is possible that the variability of maternal styles - resulting from the combination of mothers’ and infants’ characteristics, as well as socioecological contexts, along with the extension of the attachment bond - are responsible for paving the way for different developmental trajectories. This may be one of the mechanisms underlying interindividual differences arise in adult populations, as seen in humans.

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