Espiritualidade na clínica psicológica: um olhar sobre a formação acadêmica no Rio Grande do Sul

AUTOR(ES)
FONTE

IBICT - Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia

DATA DE PUBLICAÇÃO

17/06/2010

RESUMO

Extensa revisão histórico/paradigmática sobre a espiritualidade percorreu diferentes correntes psicológicas, nos trazendo aos estudos científicos atuais, que demonstram correlação positiva e significativa entre espiritualidade e saúde mental. Tal fato evidencia a necessidade de habilitação dos psicólogos para lidarem com essa dimensão humana. Esta dissertação, composta por dois estudos, buscou conhecer como a espiritualidade tem sido abordada na formação em Psicologia e na clínica psicológica. Inicialmente, foram investigados os índices de espiritualidade de 1.064 calouros e formandos de Psicologia das diferentes universidades gaúchas. Utilizou-se de questionário biossociodemográfico, da Escala de Bem-Estar Espiritual (EBE) e da Subescala de Espiritualidade, Religiosidade e Crenças Pessoais SRPB-WHOQOL-100. Os resultados revelaram índices de espiritualidade significativamente menores nos formandos do que nos calouros de Psicologia (t=3,769; p<0,001). Os formandos também referem acreditar em Deus e/ou força superior significativamente menos do que os calouros (x2=10,03; p<0,001), demonstrando que a formação em Psicologia pode estar promovendo declínio nos níveis de Bem-Estar Espiritual destes acadêmicos. Para aprofundar a compreensão sobre a espiritualidade na formação e na clínica psicológica, também foi realizado um estudo qualitativo. Os formandos das universidades com maior (M=98,73) e menor (M=78,33) índice de Bem-Estar Espiritual (EBE) participaram de grupos focais, referindo a espiritualidade como algo ainda negado e rechaçado durante sua graduação. Diante dos crescentes estudos sobre a espiritualidade, estes dados indicam uma postura ainda dogmática por parte da ciência psicológica. Contudo, evidenciam-se posicionamentos totalmente distintos entre os grupos com maior e menor EBE: os primeiros consideram a espiritualidade inerente ao humano e sentem-se despreparados para atender esta demanda na clínica psicológica, tendo que buscar conhecimentos fora do ambiente acadêmico. Os segundos consideram a espiritualidade algo irrelevante, devendo ser evitada pelos psicólogos, referindo esta postura como ética e profissionalmente correta. Esses resultados revelam a falta de discriminação acerca da espiritualidade, mantendo a Psicologia em caminho inverso a outras áreas da ciência, mais inclusivas diante das novas concepções paradigmáticas. Assim, os dados apontam para a devida inserção do conhecimento sobre espiritualidade na formação acadêmica em Psicologia, habilitando o psicólogo para lidar com a dimensão espiritual, da mesma forma que com as outras dimensões circunscritas ao humano e à clínica psicológica.

ASSUNTO(S)

formação acadêmica estudantes de psicologia espiritualidade psicologia transpessoal spirituality psychology students academic training transpersonal psychology psicologia

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