Escola e gênero : produção de meninas e mulheres cidadãs? / School and gender : production of girls and women citizens?
AUTOR(ES)
Maria Celeste de Moura Andrade
DATA DE PUBLICAÇÃO
2010
RESUMO
O trabalho aborda a História das Mulheres e as interfaces de constituição de suas identidades a partir dos mecanismos de poder imersos no cotidiano escolar. Analisa os processos de subjetivação que foram historicamente instituindo as representações de gênero e sexualidade das meninas (e meninos) e como estas se consolidaram através de artefatos culturais e discursivos modelares produzidos pela educação. A metodologia insere-se na perspectiva da genealogia de Michel Foucault, isto é, na preocupação com as conexões entre conhecimento e poder e nos mecanismos de abordagem dos Estudos Culturais. Inclui uma perspectiva histórica fundamentada em estudos relativos à História das Mulheres (Michele Perrot, Georges Duby, Peter Gay e Mary Del Priore, entre outros), inserindo-a nas análises de gênero (Judith Butler, Suely Rolnik, etc) inerentes às observações registradas na escola. Essas observações foram realizadas a partir do estudo de casos referentes às diversas formas de violência que circulam na escola relativas às representações de gênero e sexualidade e da análise dos artefatos culturais instituidores das identidades nesse campo. A proposta foi responder à problemática envolvida na questão: quem fala pelas crianças e adolescentes (pelas meninas, especialmente) em termos de gênero e sexualidade? Em que termos a escola constitui suas identidades cidadãs neste contexto? Os resultados da investigação evidenciaram inúmeros episódios em que se insere o exercício da violência na produção das identidades sexuais e de gênero no cotidiano escolar. Evidenciaram o processo discursivo de configuração dessas identidades pautado em modelos pedagógicos e históricos bastante tradicionais e em conceitos que se assemelham aos dos processos civilizatórios que instituíram mulheres e homens no país desde os primórdios da colonização. Os resultados vislumbraram, contudo, novas possibilidades de subjetivação nesse âmbito, a partir da problematização dessas representações em uma ótica pós-crítica de abordagem. Nela se insere a perspectiva do cruzamento de fronteiras, do cuidado de si e de novas experiências performativas para as crianças, que vivenciam grande parte de suas vidas na escola, reduzindo a sua vulnerabilidade à violência a elas imposta e ampliando suas chances de exercício da cidadania enquanto mulheres e homens, sob formas diversas de orientação sexual.
ASSUNTO(S)
identidade gênero sexualidade cidadania identity gender sexuality citizenship education
ACESSO AO ARTIGO
http://libdigi.unicamp.br/document/?code=000773956Documentos Relacionados
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