Escola e emancipação : o curriculo como espaço-tempo emancipador

AUTOR(ES)
DATA DE PUBLICAÇÃO

2007

RESUMO

O propósito deste estudo foi identificar em que medida a escola pública, em um contexto de crise da modernidade, pode ser considerada como um espaço de emancipação social. Para tanto procuramos, em um universo empírico de 3 (três) escolas públicas, localizadas em áreas de periferia em 3 (três) regiões distintas do Estado do Rio Grande do Sul, as manifestações do potencial emancipatório do currículo escolar. Inicialmente procuramos situar o debate em torno das características e dos desdobramentos da relação entre sociedade, educação e currículo enfatizando o contexto brasileiro e sublinhando no mesmo a importância da escola. A articulação entre educação e emancipação está, na seqüência, ainda que provisoriamente, embasada numa idéia preliminar de ‘ser sujeito’ que deve, seguramente, acompanhar o corpo desta tese em sua versão final. A seguir, procuramos dar conta da tarefa de caracterizar e analisar, minimamente, a realidade na qual realizamos este estudo. O conjunto de dados foi recolhido junto à realidade escolar a partir do contato com documentos que retratam o cotidiano escolar (Projetos político-pedagógicos, Atas de reuniões, Regimentos, Estatutos), por meio de observações e através de entrevistas. Foram ao todo 53 (cinqüenta e três) depoimentos, além de diálogos informais, que procuraram anotar como os atores, quais sejam, professoras, alunos e pais e/ou mães, percebem a escola e a educação. Paralelamente, buscamos informações junto às Prefeituras Municipais de modo a ter acesso aos instrumentos legais e formais que orientam a educação municipal. Na análise que efetivamos das escolas destacamos como é concebida e vivenciada cada proposta pedagógica, o que caracteriza a gestão da escola, a função da escola, a concepção e materialização do currículo escolar ou organização do trabalho pedagógico, as concepções e procedimentos relativos à avaliação dos alunos, as relações sociais na escola e a relação de cada uma com a instituição mantenedora. De outra parte, conferimos um espaço singular onde consideramos os obstáculos e as potencialidades do trabalho docente. A partir destas categorias procuramos identificar em que medida as tensões vividas e equacionadas no processo de ensino reforçam a reprodução de relações sociais sistêmicas ou constituem sinais, efetivos e potenciais, de um currículo emancipatório. Por outro lado, destacamos em nossa análise que esta tensão é resultado da inobservância do sucesso escolar a partir de outros critérios de valor para além da hegemonia dos critérios cognitivos. Isto é, sustentamos que um currículo emancipatório é resultado da construção de um equilíbrio entre as esferas cognitiva, política e estética de modo que na formação escolar os alunos não sejam considerados apenas pelo que sabem mas, também, se sabem quem são e do que precisam para melhorar sua condição objetiva e subjetiva de vida. Neste sentido, a emancipação deve ser pensada não somente como formas de resistência a realidades sociais adversas, mas sobretudo, como contextos de proteção e de socialização dos quais podem emergir relações e práticas sociais alternativas à dinâmica societária em curso. Neste auditório, a escola publica pode ter sua importância, senão reforçada, ao menos revigorada.

ASSUNTO(S)

emancipação social society escola publica school sociedade reproduction currículo escolar curriculum emancipation sociologia da educação

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