Eritropoetina humana recombinante na anemia de prematuridade : ensaio clínico randomizado

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DATA DE PUBLICAÇÃO

2007

RESUMO

Objetivos: A proposta deste estudo foi comprovar a efetividade da eritropoetina na prevenção e no tratamento da anemia da prematuridade e comparar dois esquemas terapêuticos: uso diário versus uso duas vezes por semana, na mesma dose semanal, em RN de muito baixo peso. Delineamento: Ensaio clínico, randomizado e com grupo controle. Métodos: Foram incluídos no estudo 45 recém-nascidos prematuros internados na Unidade de Neonatologia do HCPA com até 33 semanas de idade gestacional, peso de nascimento de até 1.550 g, idade pós-natal entre 10 e 35 dias e clinicamente estáveis. Os recémnascidos foram randomizados em 3 grupos: os do grupo 1 receberam 7 doses diárias de eritropoetina de 100 U/kg cada, por semana, enquanto nos do grupo 2 foram administradas duas doses semanais de 350 U/kg cada e os do grupo 3 não receberam a medicação testada. Um protocolo com os dados de identificação, data, peso de nascimento e idade gestacional foi preenchido. A seguir foi coletado material para: hemograma, contagem de plaquetas e reticulócitos e nível ferritina. Os primeiros testes foram repetidos semanalmente, sendo a ferritina dosada uma vez a cada 15 dias. Todo volume de sangue retirado para testes laboratoriais, bem como o volume e o número de transfusões sangüíneas realizadas foram computados ao longo do estudo. Em todos os pacientes foram realizadas avaliações clínicas diárias, através de exame físico, controle dos sinais vitais, balanço hídrico, aporte calórico e pesagem. Semanalmente foram medidos o comprimento e o perímetro cefálico. O acompanhamento foi realizado até que os recém-nascidos completassem 2.000 g de peso ou até a alta hospitalar. Nos pacientes dos grupos 1 e 2 foram administrados 3 mg/kg/dia de sulfato ferroso, durante a primeira semana, sendo aumentada a dose para 6 mg/kg/dia, a partir da segunda semana. No grupo 3 a suplementação de ferro iniciou de acordo com a rotina do médico assistente (quando o recém-nascido atingia 30 dias de vida). Todos os recém-nascidos que participaram do estudo receberam vitaminas: A (2.000 U/dia), C (35 mg/dia), D (400 U/dia) e E (20 U/dia). Resultados: Ao todo foram avaliados 42 prematuros,15 do grupo 1, 14 do grupo 2 e 13 do grupo 3. Os três grupos apresentaram composição semelhante quanto ao peso de nascimento, idade gestacional e peso, comprimento, perímetro cefálico e idade pós-natal na entrada do estudo. Observou-se estabilidade clínica em todos pacientes estudados, não tendo nenhum necessitado de ventilação mecânica. A medicação foi bem tolerada por todos os que a receberam, não tendo sido observados efeitos colaterais. Não houve diferenças estatisticamente significativas entre os 3 grupos quanto a ganho de peso, comprimento e perímetro cefálico ao longo do estudo. Os aportes hídrico, calórico e protéico foram semelhantes entre os grupos. As médias dos valores hematológicos: hematócrito, hemoglobina, plaquetas, reticulócitos, leucócitos totais e ferritina, no início do acompanhamento dos pacientes, foram semelhantes nos 3 grupos. A análise das médias dos valores das plaquetas, leucócitos totais e ferritina, ao término do estudo, não evidenciou diferença estatisticamente significativa entre os grupos. Já a média final do hematócrito e da hemoglobina dos pacientes que não receberam eritropoetina foi significativamente menor em relação à daqueles que receberam a medicação, sendo os valores de p, respectivamente, 0,025 e 0,011. A média da contagem absoluta de reticulócitos, no final da segunda semana de tratamento, foi significativamente maior nos pacientes que receberam a medicação, quando comparadas à dos que não utilizaram eritropoetina (p = 0,0001), mas que ao final do estudo foram iguais. Não houve diferença estatisticamente significativa quanto ao volume de sangue retirado para testes laboratoriais entre os grupos (p = 0,839). Houve correlação negativa significativa do volume de sangue retirado para testes laboratoriais com o peso de nascimento e com a idade gestacional. Foi encontrada correlação significativa e positiva entre o volume de sangue transfundido e o volume retirado para exames, bem como entre este último e o número de transfusões sangüíneas por pacientes entre os grupos (p = 0,091). Os grupos 1 e 2 foram menos transfundidos excessivamente (2 ou mais) que o grupo 3. Esta diferença foi significativa (p = 0,043). Estas diferenças não foram encontradas quando comparou-se os dois regimes de tratamentos. Conclusões: A administração de eritropoetina, na dose de 700 kg/ semana, diminui, de forma significativa o número de transfusões excessivas. Estas diferenças não foram encontradas quando comparou-se os dois regimes de tratamento. O uso de eritropoetina não influenciou no ganho de peso, crescimento (aumento do perímetro cefálico e comprimento) e tempo de internação dos pacientes. Conclui-se também que, quanto menor a idade gestacional e o peso de nascimento, maior a quantidade de sangue retirado para exames laboratoriais e que, quanto maior é a quantidade de sangue retirado para testes de laboratório, maiores são o volume e o número de transfusões sangüíneas realizadas. A eritropoetina mostrou-se um medicamento seguro, bem tolerado e sem paraefeitos a curto prazo.

ASSUNTO(S)

anemia prematuro eritropoetina recombinante

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