EREJAKASÓ PIÁNG?: as culturas sambaquieira, aratu, tupiguarani e portuguesa e a produção do espaço do Extremo Sul da Bahia, Brasil
AUTOR(ES)
Frederico de Paula Tofani
DATA DE PUBLICAÇÃO
2008
RESUMO
Este estudo consiste em uma contribuição ao conhecimento sobre a produção de um espaço que figura no imaginário nacional com a primeira porção do continente americano visitada por uma armada lusitana e como lugar do idílico porto seguro onde portugueses e americanos experimentaram o seu encontro primordial: a região Extremo Sul da Bahia. Entretanto, contrariamos aqui a quase totalidade da literatura sobre a produção desse espaço e evidenciamos não apenas o papel desempenhado pela cultura européia nesse processo, mas também o de três culturas indígenas denominadas sambaquieira, Aratu e Tupiguarani. E mais, buscamos demonstrar que elas tanto determinaram, direta ou indiretamente, os rumos e os legados da presença portuguesa no Exremo Sul da Bahia quanto mais das feições que a região apresenta hoje. Para tanto, foram identificadas, analisadas, cotejadas, interpretadas e, não raro, re-interpretadas diversas fontes que oferecem subsídios arqueológicos, históricos, etnológicos, lingüísticos, arquitetônicos, urbanísticos, geomorfológicos, ecológicos, cartográficos e iconográficos sobre, primeiro, as dimensões culturais e naturais do espaço do Extremo Sul da Bahia; e, segundo, os conflitos e associações entre diferentes grupos sociais causados pela questão do acesso aos recursos naturais e/ou pelas maneiras como cada um lidava com as suas relações o Outro. Esse esforço foi motivado pela necessidade de enfrentamento de uma série de problemas éticos e científicos decorrentes de juízos acerca da alteridade indígena que datam dos primórdios da presença européia no Brasil. Ou, mais especificamente, de entendimentos que lhes creditaram uma condição ora edênica, ora bestial e que constituíram a matriz da persistente noção de que os indígenas são seres destituídos de razão, cultura, história e desejo. Portanto, este estudo consiste também em um convite para que reflitamos sobre a sintomática condição periférica à que temos relegado nossos ancestrais indígenas na memória, história e patrimônio cultural nacional. Assim, esperamos contribuir para que se faça jus a todas as culturas e grupos sociais que participaram na formação do Brasil e, particularmente, do Extremo Sul da Bahia.
ASSUNTO(S)
ACESSO AO ARTIGO
http://hdl.handle.net/1843/MPBB-7TJKXFDocumentos Relacionados
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