Era uma vez : o contar historias em crianças com Sindrome de Down

AUTOR(ES)
DATA DE PUBLICAÇÃO

1994

RESUMO

A literatura sobre a linguagem em crianças com Síndrome de Down relata que essas crianças apresentam um desenvolvimento de linguagem atrasado quando comparado ao desenvolvi meto de linguagem de outras crianças. Este estudo tem o intuito de analisar o desenvolvimento do contar histórias e de relato de experiências vividas na fala de quatro crianças com Síndrome de Down, que freqüentavam um mesmo grupo numa escola especializada e estavam numa faixa etária de 4 a 5 anos no início do estudo. Foram acompanhadas aproximadamente por um ano e nove meses. As filmagens para análise dos dados foram feitas em grupo e focalizaram situações de recontagem de histórias ou diálogos de experiências vividas. O adulto interlocutor foi a fonoaudióloga do grupo e esporadicamente a professora ou a fisioterapeuta. A coleta de dados efetuou-se no Centro de Desenvolvimento Integral, da Fundação Síndrome de Down, em Campinas. A análise dos dados foi feita sob uma perspectiva sócio-interacionista, tendo como unidade de análise a fala da criança no diálogo com seus interlocutores: o adulto e as outras crianças do grupo, inseridos em uma situação escolar. Como parâmetro para a análise optamos por identificar nos dados das crianças sujeito os critérios de narrativas descritos por Labov (1967), retomados e ampliados por Perroni (1992).Tecemos também algumas considerações sobre o desenvolvimento narrativo de nossas crianças comparando com o desenvolvimento dos sujeitos de Perroni (1992), para verificarmos as semelhanças e diferenças. Os resultados da análise dos dados indicaram que as crianças com Síndrome de Down de nossa pesquisa, nessa faixa de desenvolvimento da linguagem, 4 a 6 anos, estão usando os mesmos mecanismos usados pelas crianças-sujeito de Perroni; porém as crianças com Síndrome de Down fazem uso desses mecanismos numa idade cronológica posterior. Observamos também que permanecem mais tempo em cada "fase" das apontadas por Perroni (1992) e sua fala, durante a interlocução , é mais e por mais tempo dependente da fala do interlocutor. Pudemos concluir também que no momento da narrativa dessas crianças, isto é, ocasião em que estão ocorrendo suas tentativas iniciais de relatos de histórias ou experiências vividas, a fala do adulto é extremamente importante enquanto interpretante do discurso da criança

ASSUNTO(S)

narrativa (retorica) down sindrome de crianças mentalmente deficientes - linguagem

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