Epidemiologia e saude publica : reflexões sobre os usos da epidemiologia nos serviços do sistema unico de saude em nivel municipal

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DATA DE PUBLICAÇÃO

2001

RESUMO

A crise do paradigma científico dominante moderno tem suscitado debates sobre as características de um paradigma emergente adequadas a abordar a complexidadedos objetos científicos. A integração de pólos freqüentemente isolados, a articulação dos diferentes níveis de aproximação com os objetos, o estabelecimento das mediações, a interdisciplinaridade e a necessidade do diálogo permanente com o senso comum, são algumas destas características que buscam aproximar o conhecimento científico de sua aplicação prática emancipadora e solidária. Este debate está presente também na área da saúde pública que tematiza objeto complexo, expresso tanto pelo quadro sanitário que afeta as populações, quanto pela necessidade de produzir intervenções que modifiquem estes quadros. Na epidemiologia, disciplina básica da saúde pública, o debate predominante se refere a insuficiênciado seu paradigma dominante, a epidemiologia moderna, em abordar a complexidade do quadro sanitário atual. As diferentes características dos paradigmas e modelos de abordagem epidemiológicos são discutidos, assim como as propostas de ampliação da capacidade de produzir conhecimento adequado a modificar positivamente o estado de saúde da população. No entanto, este debate aborda aspectos teóricos e metodológicos mais gerais, pouco abarcando dos aspectos operacionais que dêem suporte às intervenções no serviço de saúde. No contexto da construção do Sistema Único de Saúde nacional, a epidemiologia vem sendo muito valorizada, o que se reflete nas normatizações produzidas e nas práticas implementadas em diferentes modelos de planejamento e tecnoassistenciais. Com a descentralização e a municipalização, municípios estruturam atividades da epidemiologia nos serviços buscando dar respostas aos problemas de saúde, seja na construção dos sistemas de informação, na utilização de métodos, técnicas e indicadores, ou nas atividades de diagnóstico, vigilância, monitorização e avaliação. Com o objetivo de levantar os instrumentos e modos de fazer epidemiologia em serviços do SUS em nível municipal e discutir suas insuficiências,lacunas e potenciais, optou-se por selecionar alguns municípios brasileiros como sentinela da incorporação das práticas epidemiológicas nos serviços. Nestes municípios foi feito um levantamento dos usos da epidemiologia nos serviços, que foram analisados através de indicadores definidos abarcando os diversos tópicos discutidos. Buscou-se analisar nestes municípios, aspectos relativos à organização geral da epidemiologia, às informações e sistemas de informação existentes, aos instrumentos utilizados para abordar a realidade e aos projetos em execução. Discute-se a relação entre os debates acerca do paradigma científico emergente e sua expressão na área da epidemiologia e as tendências da incorporação da epidemiologia, seus potenciais e lacunas nos municípios, em cada tópico analisado. Discute-se, por fim, a necessidade de aproximar a epidemiologia da intervenção através do seu uso no cotidiano dos serviços, integrando os diferentes modelos que tem sido experimentados e os diferentes paradigmas epidemiológicos. Conclui-se que a epidemiologia necessária aos serviços de saúde não pode derivar de fetiches teóricos, metodológicos, de discursos ou práticas, mas precisa ser leve, ágil e articulada com as demais áreas da saúde pública. Uma epidemiologia do cotidiano porém instrumentalizada e ousada para abordar e intervir numa sociedade complexa

ASSUNTO(S)

serviços de saude paradigmas (ciencias sociais) epidemiologia

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