Epidemiologia e impacto clínico das complicações infecciosas precoces e tardias em pacientes submetidos a transplante cardíaco. / Epidemiology and clinical outcomes of early and late infectious complications in patients undergoing heart transplantation.

AUTOR(ES)
FONTE

IBICT - Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia

DATA DE PUBLICAÇÃO

25/11/2009

RESUMO

Introdução: Complicações infecciosas são freqüentes em pacientes submetidos a transplante cardíaco e cursam com altas taxas de mortalidade. Entretanto, até o momento, são escassas as informações a respeito da epidemiologia e impacto clínico das infecções em pacientes submetidos a transplante cardíaco em nosso país, particularmente nos portadores de miocardiopatia chagásica. Casuística e Método: Estudo retrospectivo, em que foram avaliados todos os episódios de infecção apresentados por pacientes submetidos a transplante cardíaco numa mesma instituição, entre 1986 e 2006, maiores de 18 anos, que sobreviveram além das primeiras 48 horas do procedimento cirúrgico. Resultados: foram incluídos 126 pacientes, com idade média de 41,5 anos (DP 11,5). As etiologias das cardiopatias foram: dilatada (39,0%), chagásica (35,0%), isquêmica (20,0%) e outras (6,0%). Ocorreram 179 episódios de infecção em 96 pacientes (84,0%), sendo 61 (33,7%) pneumonias, 27 (14,9%) infecções de sítio cirúrgico e 21 (11,6%) infecções primárias de corrente sangüínea. Os bacilos Gram-negativos foram identificados em 37 episódios (29,3%), cocos Gram-positivos em 32 (25,3%) e protozoários em 25 (19,8%). As infecções foram a principal causa de morte na população do estudo, com 31,4% dos óbitos. A probabilidade de sobrevida entre os pacientes com infecção foi significativamente menor do que o grupo sem infecção (p=0,077). Não houve diferença entre as taxas de infecções de portadores de miocardiopatia chagásica e os demais pacientes. Ocorreram 17 recidivas de infecções por Trypanossoma cruzi: 8 (47,0%) no miocárdio, 4 (23,5%) no subcutâneo e 5 (29,4%) em ambos os sítios. Não houve mortes nestes eventos. Não houve diferença entre as sobrevidas dos pacientes chagásicos com ou sem recidiva (p=0,735), bem como entre chagásicos e não chagásicos (p=0,231). A fração de ejeção final para os grupos com ou sem doença de Chagas foi de, respectivamente 61,0% (9,0) e 60,8% (14,5) (p=0,897). Os principais fatores de risco para infecções foram: necessidade de re-operação no pós-operatório imediato (OR 11,4, CI 1,86 - 70,32, p=0,008), infecção do doador (OR 6,78, CI 1,47 31,26, p=0,014), etiologia coronariana da miocardiopatia (OR 6,12, CI 1,05 - 35,58, p=0,044) e anemia no receptor pré-transplante (OR 4,35, CI 1,05 18,1, p=0,043). A presença da doença de Chagas como etiologia da cardiopatia não se destacou como fator de risco para infecção. Conclusões: As infecções foram importante causa de morbimortalidade na população do estudo. Porém, fatores de risco puderam ser identificados e ação preventivas devem ser implementadas. As recidivas de infecção por Trypanossoma cruzi foram freqüentes, porém sem repercussão na sobrevida ou na função tardia do enxerto. Também não houve diferença quanto ao número e sítios de infecções entre os pacientes chagásicos e não-chagásicos.

ASSUNTO(S)

transplante de órgãos epidemiologia mortalidade patogenicidade doença de chagas cardiologia chagas disease heart transplantation

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