Epidemiologia da esquistossomose mansoni em São José do Acácio, MG.: Análise multivariada dos fatores associados à infecção. Variáveis sócio-demográficas e contatos com águas naturais

AUTOR(ES)
FONTE

IBICT - Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia

DATA DE PUBLICAÇÃO

05/06/1992

RESUMO

Um estudo cross-seccional da esquistossomose mansoni foi desenvolvido em São José do Acácio (município de Engenheiro Caldas, Minas Gerais) com o objetivo de avaliar a distribuição dos indicadores da esquistossomose (prevalência, intensidade da infecção e distribuição de formas clinicas) na população, descrever os padrões de contatos com éguas naturais desta população e determinar os fatores de risco para infecção pelo Schistosoma mansoni nesta área endêmica. A população elegível para o estudo foi constituída por todos os residentes na zona urbana do distrito de São José do Acácio. A população total da localidade era de 766 indivíduos, dos quais 678 (88,5%) foram submetidos ao exame de fezes, 627 (81,9%) ao exame clinico e 746 (97,4%) a pesquisa sócio-demográfica. A infecção pelo S.mansoni foi determinada através de um exame de fezes pelo método KATO/KATZ. A pesquisa sócio-demográfica e de contato com águas naturais foi feita de forma duplo-cego, através de entrevista, utilizando-se questionários padronizados. Para a pesquisa de fatores de risco, as características sócio-demográficas e os motivos de contato com águas naturais, entre os que eliminavam ovos de S.mansoni nas fezes (casos), foram comparadas as dos que não apresentavam estes ovos ao exame de fezes (controles). A prevalência da infecção foi de 26,2%, a média geométrica de ovos foi 60,3 (IC 95% = 4,4 -826,3) por grama de fezes e 2,4% dos infectados apresentavam esplenomegalia. Cinqüenta e um por cento da população estudada relataram pelo menos um contato com águas naturais nos 60 dias que antecederam a entrevista: 34% para atravessar córregos, 25% para tomar banho e/ou nadar, 17% para pescar, 17% para trabalhar na lavoura, 4% para retirar areia, 2% para lavar roupa e 1% para buscar água para o domicilio e/ou lavar vasilhas. As seguintes variáveis apresentaram associações independentes com a infecção: idade (Odds Ratios ajustados pela regressão logística = 3,0, 12,1 e 4,2 para as faixas etárias de 10-14, 15-34 e 35 ou mais, respectivamente), ausência de fonte de água (cisterna) no domicilio (OR = 2,8), sexo masculino (OR = 2,6) e contatos com águas naturais para nadar e/ou tomar banho (OR = 1,9 e 2,3 para freqüência semanal e diária, respectivamente) e para pescar (OR = 1,2 e 4,6 para freqüência semanal e diária, respectivamente). Verificou-se que a ausência de cisterna no domicilio era o fator de risco mais importante para infecção pelo S.mansoni na área estudada (Risco atribuível = 0, 2488), seguida pelos contatos para nadar e/ou tomar banho (RA = 0, 1526 e 0,0599 para freqüência semanal e diária respectivamente) e pescar (RA = 0,0289 e 0,0886 para freqüência semanal e diária, respectivamente) . Isto indica que as medidas de prevenção da infecção pelo S. mansoni nesta área endêmica deveriam priorizar a expansão das fontes de água para os domicílios e a intervenção para prevenir os contatos com águas naturais para nadar e/ou tomar banho e pescar.

ASSUNTO(S)

esquistossomose epidemiologia teses.

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