Epidemiologia da atividade física e sua associação com obesidade em amostra representativa da população adulta de Porto Alegre

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DATA DE PUBLICAÇÃO

2010

RESUMO

Introdução: Inatividade física é fator de risco para doenças não transmissíveis (DNTs). Dentre essas, destaca-se que a obesidade (central e adiposidade na região da cintura) é fator de risco independente para mortalidade. O International Physical Activity Questionnaire (IPAQ) tem sido utilizado para investigar a epidemiologia da atividade física, com o objetivo de padronizar a investigação. Objetivos: Verificar a prevalência de atividade física segundo diferentes critérios e a associação com obesidade na população adulta de Porto Alegre/RS. Método: Este é um estudo transversal de base populacional, representativo da população adulta (18 a 90 anos) de Porto Alegre. É parte do estudo de Síndrome de Obesidade e Fatores de risco para doença cardiovascular (SOFT Study). Atividade física foi avaliada utilizando o IPAQ versão curta. Características demográficas e socioeconômicas foram investigadas. Obesidade foi determinada por índice de massa corporal P30 kg/m2 e adiposidade central pela circunferência da cintura. Características demográficas (cor da pele - auto-referida e categorizada em branca ou não-branca; idade - calculada a partir das datas de nascimento e entrevista), socioeconômicas (escolaridade - avaliada pelo número de anos completados na escola; ter trabalhado no mês precedente à entrevista, e status marital – categorizado em solteiro, separado ou viúvo, e casado ou com companheiro) e características de estilo de vida (consumo abusivo de bebidas alcoólicas – definido para mulheres que consumiram P15 gramas/dia ou homens que consumiam P30 gramas/dia 12, tabagismo – categorizado em fumante atual, ex-fumante e não tabagistas. O módulo de amostras complexas foi utilizado para considerar o efeito do desenho, c2 de Pearson para analisar a relação entre exposição de interesse e obesidade. Taxas de prevalência e intervalo de confiança (IC 95%) foram calculados com o modelo de Regressão de Cox com tempo igual a um. Resultados: Entre os critérios de baixo nível de atividade física, dos 1858 adultos 30,5% eram insuficientemente ativos conforme o protocolo do IPAQ, 25,5% realizavam menos do que 150 minutos por semana, 38,6% despendiam menos do que 1000 kcal por semana e 34,5% passavam seis horas ou mais sentados por semana. Diferenças estatisticamente significativas entre os sexos, com maior prevalência entre os homens, foram detectadas para atividades vigorosas P150 min/sem (26,9% vs. 14,2%), deslocamento P150 min/sem (51,1% vs. 43,8%), prática por tempo igual ou superior a 1000 minutos por semana (18,9% vs. 14,2%) e permanência sentado por semana maior ou igual a seis horas/dia (37,4% vs. 32,4%). A relação inversa com idade foi confirmada em todos os critérios de atividade física para as mulheres e na maior parte dos critérios para os homens. Exceção constitui comportamento sedentário, associado à idade apenas entre os homens e com maior prevalência entre os mais jovens. Ao analisar a associação de alto nível de atividade física com obesidade, identificou-se na amostra que 25% eram muito ativos, 21% eram obesos e 29% tinham obesidade central. Homens e mulheres, respectivamente, apresentaram diferenças significativas quanto à prevalência de obesidade (17,5 vs. 23,5%, p=0,006), obesidade central (17,5 vs. 37,3%, p<0,001), mas não em relação a alto nível de atividade física (26,3 vs. 24,7%, p=0,5). A relação inversa de alto nível de atividade física com idade foi confirmada para homens (p<0,001) e mulheres (p<0,001), mas associação independente de alto nível de atividade física com menor risco de obesidade só foi caracterizada para mulheres (p=0,01). Conclusão: As prevalências de atividade física variam com a definição, mas os critérios do IPAQ e a duração maior ou igual a 150 minutos/semana se assemelham. As prevalências identificadas pelo IPAQ em Porto Alegre são semelhantes as descritas para o Brasil. A atividade física de alto nível é menos propensa a viés de aferição. E a associação com obesidade deve reproduzir a realidade. Na população de Porto Alegre a associação entre atividade física de alto nível e obesidade não foi confirmada para homens. Entre as mulheres, a associação foi significativa e independente de outros fatores de confusão.

ASSUNTO(S)

physical inactivity obesidade physical activity exercício vigorous activity epidemiologia ipaq porto alegre, rs estilo de vida sedentário obesity

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