Envelhecer num pais de jovens : significados de velho e velhice segundo brasileiros não idosos

AUTOR(ES)
FONTE

IBICT - Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia

DATA DE PUBLICAÇÃO

1988

RESUMO

Foi desenvolvido um estudo de levantamento com 4.300 brasileiros - 1.550 homens e 2.750 mulheres (de 13 a 18; 19 a 24; 25 a 34 e 35 a 45 anos de idade). Os objetivos foram: a) ava¬liar dimensões de significado associadas aos conceitos "O Ve¬lho É" e "Quando Eu For Velho Eu Serei", bem como atitudes frente a velhice; b) avaliar a qualidade e a intensidade des¬ses eventos mediadores; c) avaliar relações entre os signifi¬cados e atitudes, e com as variáveis sexo, idade, nível de escolaridade e região geográfica de residência dos sujeitos; d) avaliar o critério de categorização etária utilizado pelos informantes em relação a velhos, bem como suas relações com os significados e atitudes encontrados e as variáveis dos sujei¬tos. Os dados foram coletados por intermédio de uma Escala Diferencial Semântica (Neri, 1986) avaliando os conceitos "0 Velho É" e "Quando Eu Ficar Velho Eu Serei"; o Inventário Sheppard de Atitudes de Pessoas Não-Idosas, Em Relação à Velhice (Sheppard, 1980), e uma pergunta sobre categorização etária. Os resultados foram: a) A analise fatorial sobre os dados de "O Velho É" resultou numa estrutura de 5 fatores: 1. Instrumentalidade-Ineficácia; 2. Autonomia – Dependência; 3. Valorização-Desvalorização; 4. Desejabilidade-Rejeição e 5. Adaptação-Desadaptação; b) Os dois primeiros fatores explicaram a variância dos significados de "Quando Eu Ficar Velho Eu Serei"; c) Os sujeitos foram significantemente mais positivos ao avaliar este conceito do que o primeiro; d) A analise fatorial das atitudes frente à Velhice revelou 4 fatores: 1. É possível ser feliz na velhice; 2. A velhice prenuncia dependência, morte e solidão; 3. É melhor morrer cedo do que sen¬tir a angústia e a solidão da velhice e 4. A velhice permite sentimentos de integridade. Os sujeitos apresentaram em geral, atitudes positivas, mas mais acentuadas nos fatores lei do que em 2 e 3; e) não foram encontradas correlações entre os significados de "velho", "velhice pessoal" e velhice; f) cer¬ca de 65% dos sujeitos, independentemente de sua idade, sexo, nível de escolaridade e região geográfica de residência, localizaram o início da velhice aos 60/70 anos; cerca de 30% a classificaram como um "estado de espírito", e os demais entre 30 e 50 anos; g) não foram encontradas correlações estatisticamente significantes entre as variáveis dos sujeitos e os significados. Os dados foram interpretados à luz dos seguintes princípios: a) os significados (e atitudes) são aprendidos, ao lon¬go da historia interacional do indivíduo, em contato com o ambiente sócio-cultural. Seu potencial avaliativo, reforçador e diretivo faz deles importantes mediadores de comportamentos abertos frente a idosos, a velhice pessoal, à velhice enquan¬to categoria etária, e era relação ao auto-conceito; b) nesse contexto, as formulações científicas e a atuação de profissionais que lidam com velhice são importantes determinantes de predisposições individuais e sociais em relação ao velho e à velhice; c) significados (e atitudes) são eventos multidimensionais; d) o desenvolvimento humano, da infância a velhi¬ce e um processo continuo. A experienciação de descontinuida¬de é fruto de variáveis de contexto, e não de rupturas natu¬rais desse processo ou da mera passagem do tempo e) idealmen¬te, quaisquer providencias educacionais em favor do Humano, de veriam levar em conta esses princípios, e incentivar conheci¬mentos, habilidades e atitudes coerentes com eles.

ASSUNTO(S)

velhice idosos - psicologia psicologia educacional educação

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