Entre os enunciados políticos e os corredores de liberdade nas práticas curriculares dos professores

AUTOR(ES)
FONTE

Educ. Pesqui.

DATA DE PUBLICAÇÃO

30/05/2019

RESUMO

Resumo A concretização do princípio de uma educação democrática fundada na igualdade de oportunidades de sucesso para todos tem justificado discursos políticos que, referindo-se à autonomia das escolas e dos professores, reconhecem a importância do seu papel na construção de práticas curriculares adequadas aos diferentes contextos e características dos alunos. No caso dos professores, essa autonomia está associada ao conceito de agência e remete a seu papel ativo, em contexto escolar, na definição e condução dos processos curriculares. Tendo essa perspectiva por referência, este artigo analisa possibilidades e dificuldades que se apresentam aos professores que, diariamente, procuram percorrer os corredores de liberdade curricular e pedagógica. Para isso, foi realizado um estudo que recolheu e analisou discursos de professores de escolas bem colocadas no ranking nacional português sobre as suas práticas curriculares quotidianas, particularmente no que os motiva para o recurso a práticas de contextualização e a factores que influenciam ou impedem o seu desenvolvimento. Conclui-se que a autonomia docente, apesar de presente em orientações políticas, concorre com outras imposições externas que deixam pouco espaço aos professores para desenvolverem práticas curriculares que adequem o currículo prescrito a nível nacional aos contextos escolares reais. Conclui-se igualmente que, apesar das circunstâncias e condicionantes existentes, os professores ouvidos neste estudo procuram espaços e momentos para percorrer os, por vezes estreitos, corredores de liberdade.Abstract Political discourses advocating for school and teachers’ autonomy have been rising concerned with fulfilling the principle of democratic education, based on equal opportunities so everyone can be successful. Regarding teachers, the autonomy is linked with the concept of agency and envisages teachers’ active role in the development of curricular processes. Bearing this in mind, this paper analyses the possibilities and difficulties faced by teachers who try to run across curricular and pedagogical “corridors of freedom”, on a daily basis. To this regard, a research was conducted by collecting and analysing the opinions of teachers from schools in a high position in the Portuguese national ranking. Opinions focused on teachers’ daily curricular practices, particularly their motivation to use them or the aspects that constrain their development. Conclusion was that teachers’ autonomy, although present in political guidelines, is in conflict with external demands and impositions that leave little room for devising curricular practices that would adapt the national curriculum to real-life school contexts. Likewise, one concludes that despite of the existing circumstances and constraints, teachers participating in this study are in search for windows of space and time to go through those rather narrow corridors of freedom.

Documentos Relacionados