Entre lutas, porongas e letras: a escola vai ao seringal (re) colocações do Projeto seringueiro (Xapuri/Acre 1981/1990)

AUTOR(ES)
FONTE

IBICT - Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia

DATA DE PUBLICAÇÃO

28/02/2011

RESUMO

Este trabalho analisa uma experiência de educação com seringueiros da região de Xapuri/Acre, parte da Amazônia Sul-Ocidental, sob a denominação de Projeto Seringueiro. Tal experiência, concebida numa perspectiva de Educação Popular, influenciada pelas ideias e práticas de Paulo Freire, da Teologia da Libertação e de um sindicalismo rural brasileiro, associado à Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura (CONTAG) no Acre, integra o Movimento Social, Ambiental e de Luta pela Terra. O estudo procurou analisar as circunstâncias e contextos sócio-históricos da emergência e realização deste projeto educativo, erigido no interior do Projeto Seringueiro, focalizando seu primeiro período, transcorrido entre 1981 e 1990. Explora alguns dos traçados mais gerais de sua estrutura e funcionamento, suas raízes e troncos. Apresenta e caracteriza, em especial, os atores sociais, individuais e coletivos envolvidos na proposta, indicando alguns de seus protagonismos, de suas relações, convergências e divergências, neste primeiro período, quando pela estrada do Projeto Seringueiro, a escola vai ao seringal, outras colocações. As bases teórico-metodológicas da pesquisa orientam-se por um aporte sócio-histórico, nos marcos da História Social Inglesa, sobretudo no pensamento de Edward P. Thompson. Neste sentido, enfatiza que o trabalho no campo da história deve considerar as articulações entre as dimensões e contradições da realidade, em seus processos e dinâmicas, e que o enfrentamento entre ser social e consciência social faz surgir novos problemas, dando origem à experiência. O desenho metodológico da investigação baseou-se na análise documental, realizada mediante o levantamento e estudo de documentos de arquivos, do Centro dos Trabalhadores da Amazônia (CTA), prioritariamente. As descobertas da pesquisa revelam um processo eivado de continuidades e descontinuidades, de buscas e conquistas, fruto dos protagonismos de seus atores, no qual a necessidade de aprender a ler, escrever e contar foi sendo apropriada. As estradas da escola, como as do seringal, foram se alumiando pela poronga que clareia a mata e, agora, clareia as ideias, quando transformada em cartilha escolar, no entendimento de seus seringueiros alunos e alunas. Procurou-se, pois, compreender os veios pelo quais aquele projeto educativo leva a escola ao seringal, reinventada, conquistada entre lutas, porongas e letras. A pesquisa orientou-se, em suma, por uma concepção que busca desvendar os elementos e dinâmica dos processos construídos pela ação dos atores sociais neles implicados, atenta à ação coletiva e ao dinamismo da práxis transformadora dos homens como agentes históricos.

ASSUNTO(S)

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