Entre Atlântico e Mediterrâneo: a cidade de Tanger como movimento e as paisagens da teoria

AUTOR(ES)
FONTE

Rev. Bras. Lit. Comp.

DATA DE PUBLICAÇÃO

2021-04

RESUMO

RESUMO Tânger é uma cidade que se pode considerar tanto como movimento como em movimento. Situada na intersecção de rotas, é um lugar de trânsito. Mas, como nenhuma outra cidade nas encruzilhadas de movimentos transcontinentais atuais e passados, Tânger se transformou em símbolo do movimento em si: do trânsito do conhecimento e sua vetorialidade. Em sua história e mito, Tânger não é territorial, mas sim vetorial: Tânger é trânsito. A partir das histórias do século XIV de Ibn Battuta, o peregrino mais famoso do mundo árabe, Tânger se transformará no ponto de partida de uma viagem que, induzida pela nostalgia e saudade, se estende para além de Meca e Medina. Tânger significa ao mesmo tempo origem e procedência, ideia que se mantem viva na consciência do leitor. Suas narrativas nos proporcionam dados fundamentais de uma convivência das culturas, um saber com/viver, e contribuíram em grande medida com tal saber, fundamental para organizar uma convivência em paz e diferença. Posteriormente, no século XX, Severo Sarduy e Roland Barthes apresentaram outras perspectivas da história e do mito de Tânger no sentido de vetorialidade, como continuidade dos escritos de Ibn Battuta. A partir de suas experiencias se falará de Tanger Transit - e se formulará a pergunta, por quê vias e canais vetoriais é possível considerar um lugar arcaico, um lugar mítico, um lugar literário em movimento, a partir do movimento e como movimento. Trataremos de descobrir de que modo se pode substituir uma história do espaço por uma do movimento para poder desenvolver não apenas lógicas do móvel, mas também lógicas móveis e polilógicas que não se encontram ancoradas em sistemas de referência estáticos.

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