Entre anarquizadores e pessoas de costumes: a dinâmica política e o ideário civilizatório em Mato Grosso (1834 - 1870)

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DATA DE PUBLICAÇÃO

2006

RESUMO

Esta pesquisa investiga as práticas e idéias políticas em Mato Grosso entre o pós-Rusga (1834) e o fim da Guerra do Paraguai (1870). Pouco depois do movimento de 30 de maio, também conhecido por Rusga, um novo grupo passou a dominar a cena política na província. Esse grupo formou o Partido Liberal da região e se tornou hegemônico a despeito da resistência dos presidentes de província e de políticos ligados às antigas lideranças da capital. O novo líder que surgia era fazendeiro do interior, que conseguiu se articular eficazmente com outros senhores de vilas e povoados pequenos, retirando, assim, a supremacia de políticos de Cuiabá. Pela sua força, esse partido desafiava constantemente os poderes constituídos. O governo central não os enfrentava frontalmente. Pelo contrário. Muitas vezes cedia aos seguidores de Ribeiro. O receio de uma forte rebelião na província fronteiriça fazia com que o governo fosse bastante cauteloso em relação aos líderes locais. Esse grupo somente perdeu sua posição vantajosa em 1849, quando um presidente, juntamente com outros desafetos do Partido Liberal, conseguiram desenvolver estratégias para enfraquecer os liberais e finalmente derrotá-los, notadamente nas urnas. Mas a década que começava a seguir, 1850, não iria ser marcada pelo revanchismo e rivalidade sistemática. Ou seja, começou a haver um entendimento entre as principais lideranças políticas, culminando na política de Conciliação, que se operava na Corte e era exemplarmente promovida em Mato Grosso sob a batuta de Augusto Leverger. Quando fracassa na Corte a Conciliação, na província fronteiriça também os partidos passam a se antagonizar, como não podia deixar de ser. No entanto, não era mais latente o perigo de um grupo político promover a desordem, colocando em perigo a integridade imperial, como acontecia nas décadas de 1830 e 1840. Acontecia que depois da Conciliação os espaços políticos estavam definidos, haveria espaço inclusive para quem perdesse eleições, apesar das rivalidades partidárias. A desordem agora poderia ser causada principalmente pela gente miúda, não mais pelos senhores da política, que ajudavam a construir a civilização onde existia sertão. Dessa maneira, na segunda metade do século XIX, o discurso da civilização foi realçado na província, assim como várias práticas consideradas civilizadoras se fizeram mais presentes. O governo central precisava das elites locais para governar, mas necessitava também transformar e integrar toda uma população que deveria ser parte da nação que se construía.

ASSUNTO(S)

masto grosso século xix historia regional do brasil cultura política império

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