Entre a solidariedade e o risco: sindicatos e fundos de pensão em tempos de governo Lula

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DATA DE PUBLICAÇÃO

2007

RESUMO

Os projetos de inclusão social do primeiro Governo Lula passaram necessariamente pelo mercado: projeto microcrédito, Banco Popular do Brasil e especialmente fundos de pensão, são alguns exemplos. A inclusão social via mercado faz parte de uma política do PT que estamos denominando provisoriamente como moralização e/ou domesticação do capitalismo, já que busca aplicar o dinheiro oriundo da especulação em atividade produtiva, capaz de gerar emprego e renda para o trabalhador. A domesticação e/ou moralização do capitalismo fica evidente na política de criação e gestão de fundos de pensão, que se cristalizou enquanto tema de grande interesse na agenda do Governo Federal, das três centrais sindicais do país (sobretudo da CUT) e junto aos sindicatos, especialmente do setor bancário e eletricitário. A interação entre sindicalistas, ex-sindicalistas presentes no Governo Lula, empresários do setor de fundos de pensão e Governo Federal, coloca em evidência a cumplicidade de interesses e a convergência de elite, em torno da configuração precisa dos fundos de pensão. Nesse sentido, apoiados no discurso de responsabilidade social, investimento ético, gestão democrática dos fundos, proteção da poupança dos trabalhadores e na luta contra o capitalismo usando suas próprias armas (domesticação do capitalismo), os sindicalistas brasileiros têm ampliado para o espaço financeiro, a legitimidade acumulada no espaço trabalhista. Para tanto, argumentam ser moralmente legítimos na gestão/proteção da poupança dos trabalhadores. Considerando o contexto exposto acima, essa tese de doutoramento buscou compreender as mudanças de convenções sociais pelas quais passam o sindicalismo brasileiro, as ambigüidades e contradições dessa ação sindical e o real papel e poder do qual dispõem nossos sindicatos. Da mesma forma, buscou entender a política de inclusão social, via mercado do Governo Lula. Finalmente, buscou pontuar as inspirações internacionais para o projeto de fundos de pensão, e as novas institucionalidades criadas pela consolidação do mercado de fundos de pensão. Têm como inspiração teórica Bourdieu, Mary Douglas, Marcel Mauss, Robert Castel, dentre grandes nomes das Ciências Sociais do país e do exterior. Empiricamente, foram realizadas entrevistas com sindicalistas, membros do Governo Federal e opositores ao projeto de fundos de pensão, bem como observação participante em eventos do setor. Da mesma forma, foi realizada pesquisa de campo em centrais sindicais na França.

ASSUNTO(S)

sociologia do trabalho syndicates/labor unions sindicalismo silva, luiz inácio da, 1945 sociologia econômica new syndicate strategies mercado financeiro ciencias humanas pension funds moralization - domestication of capitalism lula government

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