Enterocolites em crianças e adolescentes com cancer : valor prognostico dos achados clinicos e de imagem / Enterocolitis in chidren and adolescents with cacer : prognostic value of clinical and image finding

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DATA DE PUBLICAÇÃO

2009

RESUMO

Introdução: O aumento da sobrevida dos pacientes pediátricos portadores de câncer se deve aos avanços no diagnóstico, nas técnicas cirúrgicas e radioterápicas, na terapia de suporte e, entre outros fatores, aos regimes quimioterápicos intensivos. Estes procedimentos tornam tais pacientes mais vulneráveis às intercorrências infecciosas, principalmente decorrentes de graus variáveis de mielotoxicidade. Dentre as infecções com elevada morbimortalidade se destaca a enterocolite. Além das complicações inerentes a esta patologia, interrupções e alterações do esquema quimioterápico, diferentes graus de desnutrição e óbito não raramente ocorrem. Poucas são as publicações na literatura sobre esta entidade na pediatria oncológica, principalmente com foco na complexidade da definição dos critérios diagnósticos da enterocolite e os diagnósticos diferenciais com outras patologias abdominais, que podem ocorrer ao longo da terapia do câncer. Objetivos: 1. Estudar o valor prognóstico dos sintomas e sinais clínicos em pacientes pediátricos com o diagnóstico de enterocolite, na vigência de tratamento oncológico. 2. Estudar o valor prognóstico dos achados ultrassonográficos abdominais com o quadro clínico e evolução destes pacientes. Material e Métodos: Estudo retrospectivo realizado em 188 pacientes portadores de câncer abaixo de 25 anos de idade, consecutivamente diagnosticados e tratados no Centro Infantil Boldrini, acompanhados no período de 2003 a 2007, com o diagnóstico clínico presuntivo de colite. O diagnóstico confirmatório de enterocolite foi baseado na espessura da parede intestinal igual ou superior a 3 milímetros, verificada ao exame ultrassonográfico abdominal, dos pacientes com a queixa de um ou mais sintomas relacionados (dor ou tensão abdominal, vômitos, diarréia, associados ou não a febre). A espessura da parede intestinal foi dividida em 3 grupos: 3 a 5 mm, 5,1 a 10 mm e acima de 10 mm. Análise estratificada foi realizada de acordo com a intensidade da granulocitopenia no momento da suspeita do diagnóstico de enterocolite, idade e sexo dos pacientes, tipo histológico do câncer, número dos segmentos intestinais envolvidos, quimioterápicos utilizados, tratamento cirúrgico instituído e ocorrência de septicemia. Resultados: No período do estudo, 1159 crianças e adolescentes com idade até 25 anos e portadores de câncer, foram admitidos no Centro Infantil Boldrini. Destes, 188 pacientes (16,5%) tiveram um ou mais episódios de enterocolite, totalizando 231 eventos. 118 episódios ocorreram no sexo masculino e 113 episódios ocorreram no sexo feminino. A maior freqüência, de acordo com a faixa etária dos pacientes, foi de 120 a 240 meses (44,6%). 87% da população de estudo apresentavam, ao diagnóstico de enterocolite, granulócitos =500/mm3. Os dados demográficos (idade, sexo, peso e estatura), sinais/sintomas, tipo do câncer, terapia e achados ultrassonográficos foram retrospectivamente coletados. 27,3% dos episódios de enterocolite apresentaram espessura de alça intestinal >3 = 5 mm, 55% de >5 = 10 mm e 17,7% >10 mm. 27 pacientes com enterocolite faleceram (11,7%). A espessura da parede intestinal >10 mm e a ocorrência de mais de 4 sintomas ao diagnóstico da enterocolite, estiveram associados a maior taxa de óbito. O uso concomitante de opióides foi registrado em 101 episódios de enterocolite (43,7%). A distensão abdominal teve valor prognóstico associado ao óbito (p = 0,0018). Dentre os quimioterápicos, a citarabina teve associação significativa nos casos que evoluíram para óbito (p = 0,0261). Conclusões: A presença de 4 ou mais sinais/sintomas ao diagnóstico da enterocolite, utilização prévia do quimioterápico citarabina e a presença de distensão abdominal foram associados maior letalidade nos pacientes com enterocolite (p = 0,0255, p=0,0018 e p = 0,0195, respectivamente), sendo que as últimas duas variáveis elevaram a chance de óbito em até três vezes mais. As demais variáveis estudadas não apresentaram diferença estatisticamente significativa em associação ao óbito

ASSUNTO(S)

oncology infection oncologia infecção pediatric pediatria neoplasm cancer

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