ENSINO MÉDIO PÚBLICO: FORMAÇÃO HUMANA OU PARA O MERCADO?

AUTOR(ES)
FONTE

IBICT - Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia

DATA DE PUBLICAÇÃO

12/09/2011

RESUMO

O presente trabalho é resultado de uma pesquisa desenvolvida entre 2009 e 2011, no Programa de Pós-Graduação em Educação, como exigência para a defesa de Tese de Doutorado pela Pontifícia Universidade Católica de Goiás PUC-GO. A questãoproblema desse objeto de estudo é analisar se o Ensino Médio público propedêutico brasileiro propicia formação humana ou para o mercado de trabalho. A luta entre capital e trabalho está explicitada no modelo econômico brasileiro que, em seu processo contraditório vem combinando Ensino Médio profissionalizante e propedêutico, com políticas públicas de investimentos desiguais. No contexto geral da reestruturação produtiva, determinados conhecimentos antes desprezados, como facilidade de comunicação, de compreensão de textos e de raciocínio abstrato, são considerados importantes fatores de produção. Os trabalhos de Marx (1968, 1978, 2006 e 2007), Marx e Engels (1965), Kuenzer (1988, 1997 e 2000), Saviani (1984, 2005), Chauí (1980), Bourdieu (2010), Antunes (1995, 2001, 2004, 2006, 2009), Bruno (1996), Enguita (1993), Frigotto (1995, 2001, 2009), Gentilli (1995), Paiva (1995), Ponchmann (2004, 2009), Boito (2005), Bardin (2004), Laville e Dione (1999) e Triviños (1987), constituem o aporte teórico utilizado para análise do problema proposto. A dialética materialista foi escolhida como método que orienta o presente estudo. O universo da pesquisa é formado por trabalhadores do setor terciário, especificamente das áreas de comércio e serviços, que realizaram seus estudos em escolas públicas da região metropolitana de Goiânia, a partir do modelo de Ensino Médio propedêutico. Na avaliação dos trabalhadores participantes da pesquisa, a escola pública de Ensino Médio não possibilita a compreensão e o domínio dos fundamentos e princípios científicos e tecnológicos dos processos produtivos, principalmente aos conhecimentos mais complexos que podem possibilitar maior autonomia ao trabalhador, tais como: compreensão e interpretação de representações gráficas complexas; melhores condições para avaliação e intervenção sobre a realidade de trabalho; aptidão para buscar e selecionar informações e construir novos conhecimentos; domínio e interação com as novas tecnologias; habilidades para solucionar problemas complexos em situações inesperadas de trabalho. Os resultados indicam que o Ensino Médio público propedêutico continua excluído do conjunto de reformas estruturais do sistema educativo, sustentado por um modelo socioeconômico que promove a subordinação e a precarização da classe trabalhadora ao capital, a partir do aumento da extração da mais valia. A Lei 11.741/2008, que separa os objetivos do Ensino Médio e da Educação Profissional Técnica de Nível Médio, reduz o Ensino Médio público propedêutico a uma subcategoria, mantêm a dualidade desse nível de escolaridade e impede a possibilidade de implantar um modelo educacional com formação omnilateral, unitária e politécnica para a maior parte da classe trabalhadora.

ASSUNTO(S)

educacao ensino médio reestruturação produtiva classe trabalhadora mais valia high school productive restructuring working class added value

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