Ensino de genética: uma abordagem a partir dos estudos sociais da ciência e da tecnologia (ESCT)

AUTOR(ES)
DATA DE PUBLICAÇÃO

2006

RESUMO

A idéia de que nas escolas se veicula uma visão de ciência, seja através do professor ou do livro didático, tem sido alvo de grande esforço e investimento entre aqueles que pesquisam sobre o ensino de ciências. Os estudos realizados têm mostrado que alunos e professores, não apenas da educação básica, mas, também da superior, manifestam visões distorcidas acerca da ciência: a-histórica, escontextualizada, linear, cumulativa e socialmente neutra. Tais distorções conformam a percepção equivocada da relação homem-natureza, a qual interfere nas decisões tomadas nos âmbitos tecnocientíficos, econômicos, políticos e sociais. As investigações avançaram, focalizando o processo de construção da ciência e sugerindo a inclusão da abordagem histórica social da ciência, nos currículos da educação científica, buscando configurar uma outra imagem de ciência. Analisando um episódio da História da Genética, a partir dos Estudos Sociais da Ciência e da Tecnologia (ESCT), buscou-se, na presente dissertação de Mestrado em Educação, identificar e compreender os fatores que circunscreveram a compreensão da estrutura tridimensional do DNA, proposta por Watson e Crick (1953), incluindo os aspectos científicos, institucionais, sociais e epistemológicos, objetivando trazer à tona o caráter coletivo da ciência. A pesquisa é do tipo bibliográfica e documental, cuja fonte de dados constitui-se no relato pessoal de James Watson sobre a construção do modelo do DNA e no memorável artigo de Watson e Crick de 1953. Os dados foram submetidos à análise de conteúdo a partir da obra da Bruno Latour, o qual propõe que os fatos científicos são construídos nas relações sociais entre os cientistas e os demais setores da sociedade, contrapondo-se à idéia de que a ciência se dá por acumulação de novas descobertas. Os resultados evidenciam que a história social da dupla hélice pode ser mais um recurso didático disponível aos professores, pois abarca uma série de elementos sociais que condicionam a prática científica, como por exemplo, as redes de relacionamentos, a influência de outras áreas do conhecimento, o uso do tráfico de influência para se alcançar determinados objetivos, a competição entre laboratórios, as trocas de informações ocorridas durante as conversas entre os investigadores, a busca de reconhecimento, a habilidade de persuadir a comunidade científica, a utilização de informações produzidas em outros laboratórios, todos envolvidos na busca de credibilidade científica. Ao trabalhar com a história da dupla hélice, o professor poderá transmitir uma visão de ciência menos dogmática, falível, provisória, permeada de interesses, contribuindo, assim, para uma transformação na imagem da ciência. A pesquisa sugere a utilização dos ESCT como aporte teórico nas investigações no ensino de ciências, no que tange à superação da imagem equivocada da ciência, transmitida no ambiente escolar

ASSUNTO(S)

ensino de genética dna concepção de ciência educacao estudos sociais da ciência e da tecnologia (esct) genética - estudo e ensino ciência e tecnologia ciência - estudo e ensino

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