Ensino de filosofia no nível médio : por uma cidadania da praxis / The teaching of philosophy at school : to a praxis citizenship

AUTOR(ES)
FONTE

IBICT - Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia

DATA DE PUBLICAÇÃO

16/06/2011

RESUMO

O presente trabalho se propõe a analisar o papel do ensino de Filosofia na formação dos estudantes para o exercício da cidadania, visto ser este preparo a principal justificativa para a recente reincorporação da disciplina em caráter obrigatório no currículo das escolas de Ensino Médio. Para tanto, optamos por uma abordagem histórica da noção de cidadania, partindo da Antiguidade grega, passando pela Época Moderna, com destaque para as formulações de Hobbes e Locke, e culminando com a análise de como ela se manifesta atualmente nas políticas educacionais brasileiras, sobretudo a partir do final dos anos 1990. Esta análise debruçou-se prioritariamente sobre os seguintes documentos oficiais: a Constituição Federal de 1988; a LDBEN (Lei nº 9394/96), que estabelece as novas bases do que seria uma educação para a cidadania; os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN); as Orientações Educacionais Complementares aos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN+); as Orientações Curriculares Nacionais, entre outros. Procuramos demonstrar que tais políticas não proporcionam aos educandos uma efetiva emancipação, posto que se baseiam em uma concepção individualista da cidadania, a ?cidadania nova?, proposta pelos ideólogos do neoliberalismo e voltada à satisfação dos interesses e necessidades do capital. Em contraposição a essa concepção, tentamos apresentar um outra, baseada nos pressupostos do materialismo histórico dialético, mais precisamente nas contribuições de Antonio Gramsci, a qual denominamos ?cidadania da práxis?. O ensino de Filosofia, a nosso ver, pode favorecer o preparo do jovem para essa cidadania, o qual, dentro do espaço escolar, deve contar com a participação decisiva do professor, que se destaca como um intelectual próximo das massas e, portanto, como potencial mediador de um processo didático-pedagógico contra-hegemônico, constituído a partir de um novo princípio educativo que não dicotomize trabalho intelectual e trabalho manual, possibilitando às classes subalternas a educação de si mesmas na arte de governar, como propôs Gramsci. Para tanto, o aluno deve se constituir como novo sujeito histórico capaz de elaborar uma concepção de mundo crítica, consciente, de ser participante na construção da história do mundo e de guiar-se a si mesmo, sem aceitar de modo passivo e servil aquilo que constituirá e definirá sua própria personalidade.

ASSUNTO(S)

cidadania filosofia - estudo e ensino praxis (filosofia) citizenship philosophy praxis (philosophy)

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